Tendo em vista a realização da Conferência da ONU sobre
Desenvolvimento Sustentável a ser realizada em junho deste ano no Rio de
Janeiro, muitos debates já começaram a surgir sobre o desenvolvimento
internacional de políticas sociais e econômicas para a promoção do meio
ambiente, colocando em xeque mate, muitas vezes, a eficácia dos debates realizados
nos comitês acerca da matéria.
Parece-me que dessa vez, não só foram traçadas em pauta politicas
para ressuscitar soluções ambientais de conferências mundiais já realizadas,
como também, de forma inovadora e, pode-se dizer, arrojada, projetos de criação
de uma organização ambiental mundial, como descreve a notícia abaixo
transcrita:
"Líderes da UE de olho em um papel mais significativo da ONU
no monitoramento do meio ambiente
A Comissão Européia e autoridades dos estados membros da UE
traçaram ontem os seus objetivos para a Conferência da ONU sobre o
Desenvolvimento Sustentável que acontecerá no Rio de Janeiro em junho, 20 anos
após a histórica Cúpula da Terra no Rio.
O comitê do meio ambiente do Parlamento Europeu, que
organizou a audiência, está focado em dar à União Européia uma voz ressoante –
e unida – no planejamento da agenda do Rio.
“Não devemos
subestimar as oportunidades que nós temos,” disse Gerben-Jan Gerbrandy, um
deputado liberal holandês que é vice-presidente do painel. “Muitas negociações
internacionais sobre o meio ambiente estão paralisadas, e este é o momento
certo … para realmente dar alguns passos à frente e tentar melhorar a estrutura
institucional internacional.”
“O próximo Conselho Europeu é uma grande oportunidade para a
UE mostrar que leva a Rio+20 extremamente a sério”, disse Gerbrandy a respeito
da primeira Cúpula da Terra no Rio de Janeiro. A conferência será nos dias 20 a
22 de junho.
Esforço por uma organização ambiental mundial
O Comissário do Meio Ambiente, Janez Potočnik, apóia uma
mudança – sustentada pelo Presidente da França Nicolas Sarkozy – que criaria
uma organização ambiental global, com grande poder de fogo para supervisionar e
implementar tratados ecológicos.
As reformas colocariam a agência atual em pé de igualdade
com organismos como a Organização Mundial da Saúde e a Organização Mundial do
Trabalho, embora a proposta não seja uma novidade – o PNUMA foi criado 40 anos
atrás como um acordo em relação a uma organização que seria bem mais
abrangente.
As conclusões iniciais da cúpula desta semana de líderes
nacionais da UE não se referem especificamente ao PNUMA, mas pedem uma
“estrutura institucional global fortalecida para o desenvolvimento sustentável
que deve incluir uma dimensão ambiental mais significativa.”
Em outubro, os Ministros do Conselho do Meio Ambiente também
disseram que os resultados da conferência no Rio “devem incluir um roteiro com
metas, objetivos e medidas específicas em nível internacional, assim como um
pacote de reformas, que incluem promover o PNUMA, cujo resultado seria uma
governança ambiental internacional mais forte”.
Um diplomata em Bruxelas disse ao EurActiv que a ambição da
Europa no Rio era a de adotar "um cronograma" para criar uma agência
ambiental da ONU com poderes mais amplos do que o PNUMA atual.
A agência supervisionaria todos os tratados ambientais
existentes, como o Protocolo de Kyoto, o Protocolo de Montreal e outros acordos
internacionais.
"Há 500 deles. Nem todos possuem um secretariado, mas
existem 500 bases legais e um grande número de estruturas", observou o
diplomata. "Portanto, deveria haver uma maior consistência entre esses
acordos".
Uma das sugestões seria a de racionalizar as diferentes
organizações que assessoram a ONU nas questões ambientais – como o Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e o Órgão Subsidiário de
Aconselhamento Científico, Técnico e Tecnológico (SBSTTA) da biodiversidade.
Uma 'voz para o planeta'
"Temos trabalhado durante anos para estabelecer um tipo
de IPCC da biodiversidade, mas não vamos repetir isso para cada área",
explicou o diplomata, que disse que uma série de análises entre departamentos
poderia ser feita por um único painel científico da ONU.
"Isso possibilitaria uma visão completa da situação
ambiental em cada país", disse o diplomata. "Também permitiria
identificar sinergias ou contradições entre os diferentes objetivos
ambientais."
Os europeus estão esperando que a racionalização dos
organismos da ONU chame a atenção de países como os Estados Unidos ou o Canadá,
que estão entre os mais céticos quando se fala de questões ambientais e
organizações internacionais. Por sua vez, a nova agência da ONU e o seu painel
científico poderiam ter mais recursos "precisamente porque isso levaria a
uma economia em outras áreas", o argumento continua.
Isso daria mais credibilidade e legitimidade às questões
ambientais em uma esfera global – a chamada 'voz para o planeta'.
O caminho não é fácil para o Rio. Mesmo que os líderes da UE abençoem a ideia, a proposta
enfrenta uma travessia incerta à frente.O negociador principal do Brasil na Rio+20, André Corrêa do
Lago, disse recentemente a jornalistas em Nova York que o seu país não apoiaria
uma organização ambiental mundial.
E não é nada provável que em ano de eleição, o Presidente
Barack Obama apoiasse carinhosamente essa iniciativa. Ele enfrentaria quase
certamente a resistência da oposição republicana, que tradicionalmente vê a ONU
com pouco entusiasmo, e no ano passado procurou bloquear fundos para o órgão
científico da ONU sobre mudança climática. Os Estados Unidos são responsáveis
por 22% do orçamento da ONU.
No lado Europeu, nem todos os estados membros mostram o
mesmo nível de entusiasmo pela implementação de uma organização ambiental
mundial reforçada.
A fonte diplomática disse que Grã-Bretanha, Suécia e a
Dinamarca foram os que mais se mostraram relutantes à ideia. O medo é que um
organismo da ONU novo e mais inclusivo, com responsabilidades mais amplas em
questões como transferência de tecnologia, redistribuiria o equilíbrio de poder
entre os países industrializados e os países em desenvolvimento.
Os países africanos, por sua vez, são considerados
favoráveis, em parte porque a agência da ONU provavelmente ficará em Nairóbi,
no Kenya – o lar atual do PNUMA – e em parte porque eles têm seus próprios
interesses em termos de ajuda internacional.
"’Há cem países favoráveis à ideia no momento, o que
não significa que os cem países restantes sejam fáceis de persuadir. Mas não
somos mais uma dúzia de países Europeus ricos pedindo isso", disse o
diplomata.
Agenda mais inclusiva da UE
Enquanto isso, a Europa espera seguir adiante com outros
temas no Rio, incluindo iniciativas de apoio para provar o acesso universal à
energia através de investimentos em energia renovável, e estimulando mais ajuda
ao desenvolvimento para garantir acesso à água.
Também há um consenso crescente em pressionar as demais
nações a estabelecer metas em eficiência de recursos e redução de resíduos.
Além disso, a Comissão Européia está propondo um
realinhamento da assistência ao desenvolvimento para estimular a energia
renovável e o crescimento sustentável, que estão entre os temas que são o foco
da futura agenda da Rio+20. " (Fonte:
http://www.rio20.info/2012/noticias-2/lideres-da-ue-de-olho-em-um-papel-mais-significativo-da-onu-no-monitoramento-do-meio-ambiente
)
O objetivo dos líderes da U.E., em contraposição à opinião
de outros países como Brasil e possivelmente EUA, deve ser tratado não como uma
“briga de gigantes”, mas sim como uma solução para colocar racionalmente em
prática as politicas e os projetos traçados em todas as conferências que tenham como pauta o meio ambiente, sem deixá-los morrer até a próxima reunião internacional. Apesar
de haver quem exerça este papel, o Pnuma (Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente), este não tem autonomia em suas decisões o que prejudica muitas vezes a eficácia dos projetos. Dessa forma, pode-se fazer uma comparação com as agências
já existentes, como a OMS para a saúde e a OIT para o trabalho, sendo que uma
agencia ambiental traria atenção igual a outras áreas dentro dos sistema da
ONU, seja no seu aspecto material, como organizacional e, especialmente, jurídico e financeiro, embasando eficientemente as tomadas de decisão que forem projetadas. Dessa forma, o meio
ambiente não seria tratado apenas como “algo ambiental” para ter status de
discussão e efetivação de soluções tanto quanto a economia, a política, os
problemas sociais. Sabe-se que o meio ambiente não é o único, o melhor e o
merecedor de mais atenção, dessa forma, deve-se ter uma perspectiva aberta,
relevando todos os aspectos da sociedade, para que juntas as agencias da ONU
possam inter-relacionar de forma organizada e transparente os problemas e as
soluções de todas as esferas (politica, econômica, social e ambiental) em prol
do desenvolvimento da humanidade.
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