Notícia de hoje do Expresso
Emove revoluciona mercado da energia das ondas
A startup portuguesa prepara-se
para apresentar o gerador 3D,
que permite produzir energia a partir do movimento das ondas. É 37 vezes mais potente do que os
modelos convencionais. É tecnologia
100% portuguesa a inovar
a nível mundial.
Um grupo de seis portugueses, todos na casa dos 20
anos, está a desenvolver um gerador a três dimensões, que promete revolucionar
a produção de energias renováveis. Trata-se de uma tecnologia completamente
disruptiva a nível mundial, que permite que este gerador eléctrico esférico
gere energia em qualquer direcção em que for movimentado (ao contrário do que
acontece com os modelos já existentes, que apenas conseguem gerar energia numa
direcção), tornando-se 37 vezes mais potente que os modelos convencionais.
Para garantir o investimento de 5 milhões de euros, necessário para colocar o
gerador em funcionamento no mar, toda a equipa da Emove tem estado, nos
últimos 4 meses, concentrada no desenvolvimento e nos testes do protótipo, que
vai permitir produzir energia de uma forma muito mais eficiente do que as
soluções existentes até agora. Os resultados vão ser apresentados em Maio e
no próximo ano deverão iniciar a comercialização do produto.
Do comboio
para o mar
A ideia que
deu origem à Emove surgiu, acidentalmente, numa viagem de comboio, quando Pedro
Balas, um dos sócios, fazia um interrail. Depois de ter ficado sem bateria no telemóvel começou a pensar que deveria haver uma forma
de transformar o movimento do comboio em energia que carregasse o aparelho. O
seu pensamento ficou em standby até ao dia em que dois amigos -Tiago Rodrigues
e Miguel Caetano - lhe pediram uma ideia para concorrerem a um prémio de
empreendedorismo. Pedro repescou a ideia, que lhes valeu um 3.º lugar no
primeiro concurso, o 2.º lugar no concurso seguinte e o 1.º no Prémio Inovação
EDP 2020 Richard Branson Visão. Nesta fase, já contavam com a companhia de
Diogo Cruz, que se juntara entretanto ao trio, mesmo a tempo de receber o
cheque de 50 mil euros, que permitiu aos quatro criar a empresa e pagar o
registo da patente internacional do projeto.
Tinham 20 anos e desde o início acreditaram que a ideia de Pedro, hoje CEO
da empresa, seria uma pedrada no charco no competitivo mercado das energias
alternativas. A proposta da Emove era desenvolver um gerador portátil, em forma
de esfera, capaz de transformar a energia do movimento em electricidade,
permitindo carregar pequenos aparelhos como telemóveis ou mp3. Mas rapidamente
os quatro jovens empreendedores perceberam que o projeto poderia ser também
aplicado para produzir energia a partir do movimento das ondas - seria tudo uma
questão de dimensão. O objectivo da Emove passou a ser o de criar uma marca à
escala global. "Patenteámos o gerador e não a sua escala", esclarece
Diogo Cruz, "porque ele pode ser usado em microesferas para carregar
telemóveis ou em grandes dimensões para retirar energia do mar".
Depois de receberem o prémio EDP Richard Branson Visão, os quatro sócios
focaram-se em optimizar a tecnologia, recorrendo a um grupo de professores que
rectificava as simulações matemáticas que era necessário fazer. Entretanto, a
equipa de engenheiros a trabalhar no protótipo foi crescendo e dela saíram mais
dois sócios: João Fernandes, engenheiro electrotécnico, que fez a tese de
mestrado sobre a Emove e está agora a fazer o doutoramento sob o mesmo tema, e
Carlos Pacheco, engenheiro informático e com uma licenciatura também em Gestão.
Procurar financiamento em Silicon Valley
Após um ano de testes, os fundadores da Emove perceberam que para
prosseguir com o gerador e chegar ao produto final era necessário encontrar 5
milhões de euros. "Sabíamos que para arranjar esse dinheiro em Portugal,
nos iriam pedir uma participação na empresa de que não estávamos dispostos a
abdicar", conta Diogo Cruz, COO da Emove. Decidiram procurá-lo em
Silicon Valley. Para a viagem, conseguiram o apoio do BES, da EDP, mas Carlos
Torres, da Resul, foi o verdadeiro anjo da guarda, ao passar-lhes um cheque de
80 mil euros, que lhes permitiu ficar quase quatro meses nos Estados Unidos.
Antes de partirem foi necessário fazer um plano de negócios e traçar uma
estratégia consistente de longo prazo, mas não foi perda de tempo, pois
regressaram com duas propostas.
Desde então, a Emove tem estado totalmente dedicada à construção e aos
testes necessários para transformar o gerador em realidade. Tem sido um
processo de avanços e recuos, já que foi preciso redesenhar o gerador duas
vezes, para que se torne economicamente viável. "Essa foi a pior parte,
pois implicou imensas discussões sobre as decisões a tomar", conta Diogo
Cruz, reconhecendo que nem sempre é fácil conseguir o consenso entre gestores e
engenheiros. Mas os resultados estão finalmente prontos para ser apresentados
em Maio, e os seis sócios esperam fechar, nessa altura, o acordo com o
investidor que escolheram.
Este investimento vai permitir testar o gerador no mar, o que deverá
acontecer até ao final do ano. Se tudo correr como previsto, em 2013
arrancarão finalmente com a comercialização desta tecnologia 100% portuguesa,
que é totalmente inovadora a nível mundial e para a qual, garantem, não faltam
clientes.
Um pequeno
comentário a esta notícia para realçar a grande importância de jovens como
estes, que por serem empreendedores e proactivos apostam em novas vertentes de negocio
onde as energias renováveis, devido a grande diversidade de formas, assumem uma
particular importância. Estes jovens tiveram um projecto e investindo nele
chegam ao ano de 2012 com muito boas perspectivas de terem criado um produto
economicamente vantajoso e energeticamente “limpo”. Falamos deste modo num
entrelaçar entre o desenvolvimento económico, neste caso à escala privada, e a
tutela do meio ambiente o que se verifica atendendo a produção de energia de
uma forma mais limpa e inesgotável – acabará também por trazer enormes
vantagens ao nosso pais que ainda uma grande dependência energética, o que
acabará sendo reduzido com apelo a um produto 100% nacional. Parece-me claro
que temos aqui uma conjugação do “melhor dos dois mundos” pois por um lado
temos a tutela ambiental e por outro lado um desenvolvimento económico.
O único problema
será o elevado investimento inicialmente exigido, no entanto parece-me que
projectos como este reunirão sempre consenso e haverá sempre agentes económicos
preparados para investir.
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