sexta-feira, 27 de abril de 2012

Emove revoluciona mercado da energia das ondas


Notícia de hoje do Expresso

Emove revoluciona mercado da energia das ondas
A startup portuguesa prepara-se para apresentar o gerador 3D, que permite produzir energia a partir do movimento das ondas. É 37 vezes mais potente do que os modelos convencionais. É tecnologia 100% portuguesa a inovar a nível mundial.

Um grupo de seis portugueses, todos na casa dos 20 anos, está a desenvolver um gerador a três dimensões, que promete revolucionar a produção de energias renováveis. Trata-se de uma tecnologia completamente disruptiva a nível mundial, que permite que este gerador eléctrico esférico gere energia em qualquer direcção em que for movimentado (ao contrário do que acontece com os modelos já existentes, que apenas conseguem gerar energia numa direcção), tornando-se 37 vezes mais potente que os modelos convencionais. Para garantir o investimento de 5 milhões de euros, necessário para colocar o gerador em funcionamento no mar, toda a equipa da Emove tem estado, nos últimos 4 meses, concentrada no desenvolvimento e nos testes do protótipo, que vai permitir produzir energia de uma forma muito mais eficiente do que as soluções existentes até agora. Os resultados vão ser apresentados em Maio e no próximo ano deverão iniciar a comercialização do produto.

Do comboio para o mar

A ideia que deu origem à Emove surgiu, acidentalmente, numa viagem de comboio, quando Pedro Balas, um dos sócios, fazia um interrail. Depois de ter ficado sem bateria no telemóvel começou a pensar que deveria haver uma forma de transformar o movimento do comboio em energia que carregasse o aparelho. O seu pensamento ficou em standby até ao dia em que dois amigos -Tiago Rodrigues e Miguel Caetano - lhe pediram uma ideia para concorrerem a um prémio de empreendedorismo. Pedro repescou a ideia, que lhes valeu um 3.º lugar no primeiro concurso, o 2.º lugar no concurso seguinte e o 1.º no Prémio Inovação EDP 2020 Richard Branson Visão. Nesta fase, já contavam com a companhia de Diogo Cruz, que se juntara entretanto ao trio, mesmo a tempo de receber o cheque de 50 mil euros, que permitiu aos  quatro criar a empresa e pagar o registo da patente internacional do projeto.
Tinham 20 anos e desde o início acreditaram que a ideia de Pedro, hoje CEO da empresa, seria uma pedrada no charco no competitivo mercado das energias alternativas. A proposta da Emove era desenvolver um gerador portátil, em forma de esfera, capaz de transformar a energia do movimento em electricidade, permitindo carregar pequenos aparelhos como telemóveis ou mp3. Mas rapidamente os quatro jovens empreendedores perceberam que o projeto poderia ser também aplicado para produzir energia a partir do movimento das ondas - seria tudo uma questão de dimensão. O objectivo da Emove passou a ser o de criar uma marca à escala global. "Patenteámos o gerador e não a sua escala", esclarece Diogo Cruz, "porque ele pode ser usado em microesferas para carregar telemóveis ou em grandes dimensões para retirar energia do mar".
Depois de receberem o prémio EDP Richard Branson Visão, os quatro sócios focaram-se em optimizar a tecnologia, recorrendo a um grupo de professores que rectificava as simulações matemáticas que era necessário fazer. Entretanto, a equipa de engenheiros a trabalhar no protótipo foi crescendo e dela saíram mais dois sócios: João Fernandes, engenheiro electrotécnico, que fez a tese de mestrado sobre a Emove e está agora a fazer o doutoramento sob o mesmo tema, e Carlos Pacheco, engenheiro informático e com uma licenciatura também em Gestão.

Procurar financiamento em Silicon Valley

Após um ano de testes, os fundadores da Emove perceberam que para prosseguir com o gerador e chegar ao produto final era necessário encontrar 5 milhões de euros. "Sabíamos que para arranjar esse dinheiro em Portugal, nos iriam pedir uma participação na empresa de que não estávamos dispostos a abdicar", conta Diogo Cruz, COO da Emove. Decidiram procurá-lo em Silicon Valley. Para a viagem, conseguiram o apoio do BES, da EDP, mas Carlos Torres, da Resul, foi o verdadeiro anjo da guarda, ao passar-lhes um cheque de 80 mil euros, que lhes permitiu ficar quase quatro meses nos Estados Unidos. Antes de partirem foi necessário fazer um plano de negócios e traçar uma estratégia consistente de longo prazo, mas não foi perda de tempo, pois regressaram com duas propostas.
Desde então, a Emove tem estado totalmente dedicada à construção e aos testes necessários para transformar o gerador em realidade. Tem sido um processo de avanços e recuos, já que foi preciso redesenhar o gerador duas vezes, para que se torne economicamente viável. "Essa foi a pior parte, pois implicou imensas discussões sobre as decisões a tomar", conta Diogo Cruz, reconhecendo que nem sempre é fácil conseguir o consenso entre gestores e engenheiros. Mas os resultados estão finalmente prontos para ser apresentados em Maio, e os seis sócios esperam fechar, nessa altura, o acordo com o investidor que escolheram.
Este investimento vai permitir testar o gerador no mar, o que deverá acontecer até ao final do ano. Se tudo correr como previsto, em 2013 arrancarão finalmente com a comercialização desta tecnologia 100% portuguesa, que é totalmente inovadora a nível mundial e para a qual, garantem, não faltam clientes.


            Um pequeno comentário a esta notícia para realçar a grande importância de jovens como estes, que por serem empreendedores e proactivos apostam em novas vertentes de negocio onde as energias renováveis, devido a grande diversidade de formas, assumem uma particular importância. Estes jovens tiveram um projecto e investindo nele chegam ao ano de 2012 com muito boas perspectivas de terem criado um produto economicamente vantajoso e energeticamente “limpo”. Falamos deste modo num entrelaçar entre o desenvolvimento económico, neste caso à escala privada, e a tutela do meio ambiente o que se verifica atendendo a produção de energia de uma forma mais limpa e inesgotável – acabará também por trazer enormes vantagens ao nosso pais que ainda uma grande dependência energética, o que acabará sendo reduzido com apelo a um produto 100% nacional. Parece-me claro que temos aqui uma conjugação do “melhor dos dois mundos” pois por um lado temos a tutela ambiental e por outro lado um desenvolvimento económico.
            O único problema será o elevado investimento inicialmente exigido, no entanto parece-me que projectos como este reunirão sempre consenso e haverá sempre agentes económicos preparados para investir. 

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