sábado, 28 de abril de 2012

PRÁTICAS VERDES

            ·         ARQUITECTURA SUSTENTÁVEL

            A arquitectura sustentável procura apropriar-se de todos os meios possíveis para evitar o choque ambiental que pode ser provocado por uma edificação . É um projecto em constante desenvolvimento, através de incessante inovação e recursos tecnológicos que permitem, assim, o aprimoramento da realidade do dia-a-dia.
            O projecto de arquitectura sustentável contesta a ideia do edifício enquanto obra de arte e compreende-o como parte do habitat vivo, estreitamente ligado ao sítio, à sociedade, ao clima, à região e ao planeta. Compromete-se a difundir maneiras de construir com menor impacto ambiental e maiores ganhos sociais, sem, contudo, ser inviável economicamente.
            Este tipo de arquitectura baseia-se em projectos que procuram novas formas e um renovador aproveitamento do espaço, uma competente utilização da energia e da sua preservação, a utilização de construções anteriormente existentes, a pormenorização da matéria-prima usada na edificação e a defesa dos circuitos naturais durante a realização de obras numa determinada localidade e considera todo o ciclo de vida da edificação, incluindo o seu uso e manutenção e a sua reciclagem ou demolição.
            Esta modalidade de arquitectura nasceu na década de 70. Segundo os seus princípios, uma obra só pode modificar o ambiente que a envolve em mínima escala. Para tanto, os responsáveis pela edificação devem usar, em grande parte, material de procedência natural, zelando por um emprego lúcido dos bens indispensáveis para a iluminação e para a renovação do ar. Assim, atinge-se o objectivo de diminuir os gastos nesse campo. É importante também verificar cuidadosamente a origem da matéria-prima, exigindo-se certificados de proveniência de cada material; deve ser adquirida junto a negociantes legítimos, que também compartilhem do desejo de reduzir os danos ao meio ambiente e a emissão de gases poluentes. A preocupação em preservar a Natureza durante um processo de construção passa igualmente pela preocupação com o uso de materiais ecologicamente apropriados, que são fabricados com o mínimo prejuízo para o ambiente, como, por exemplo, blocos de terra comprimida, adobe, tintas não tóxicas, reciclados, madeira acompanhada do respectivo certificado ou de ciclo renovador de pouca duração. O planeamento sustentável aproveita prioritariamente os bens produzidos na região, pois assim não haverá custos elevados com o transporte do material e reduz-se igualmente a emissão de CO2. Para além disto, resta ainda a devida atenção ao procedimento dos profissionais que irão realizar a obra em questão e à forma como eles lidarão com os restos produzidos pela edificação, para que o espaço ao redor não seja negativamente afectado.  Terá de ser calculada, também, a quantidade de água que será utilizada, pois ela deve igualmente ser racionada através de um planeamento inteligente, com o emprego de inovações tecnológicas, como a reutilização de água, emprego de água da chuva, de torneiras e chuveiros equipados com temporizadores ou sensores. Outro elemento essencial é o aquecimento solar da água ou a adopção da energia eólica.
            Algumas medidas são ideais para quem se preocupa com a preservação ambiental: situar a residência e as janelas de acordo com a trajectória do sol no horizonte e o rumo do vento; utilização de vidros duplos, que permitem que o espaço seja adequadamente iluminado durante o dia, sem que o ambiente se torne muito quente, havendo, assim, uma ampla redução dos custos energéticos.
            As construções que seguem todos estes procedimentos são recompensadas com um selo, na proporção das medidas acolhidas pelos construtores, que torna o imóvel bem mais valorizado e qualitativo.
            O resultado final desta nova arquitectura ecológica, verde e sustentável, proporciona uma grande vantagem para seus consumidores. Quem não quer ter uma casa saudável, clara, termicamente confortável e que gaste menos água e energia? A casa ecológica, além de beneficiar o meio ambiente, garante o bem-estar de quem dela usufrui.
            Por último, resta referir que a adopção de soluções ambientalmente sustentáveis na construção não acarreta um aumento do preço, principalmente quando integradas na etapa de concepção do edifício, ou seja, desde a fase do projecto. Em alguns casos, podem até reduzir custos. Ainda que o preço de implementação de alguns sistemas ambientalmente sustentáveis num edifício verde gere um custo cerca de 5% maior do que um edifício convencional, a sua utilização pode representar uma poupança de 30% de recursos, durante o uso e ocupação do imóvel. Por outro lado, a construção sustentável vai-se valorizar, ou seja, os imóveis sustentáveis vão ver o seu valor aumentado em poucos anos. Um sistema de aquecimento solar, por exemplo, se instalado em boas condições de orientação das placas, pode ser pago, pela economia que gera, em apenas um ano de uso. Edifícios que empregam sistema de reuso de água (a água dos chuveiros e lavatórios, após tratamento, volta para abastecer os sanitários e as torneiras das áreas comuns) podem ter uma economia de água na ordem dos 35%. Por princípio, a viabilidade económica é uma das condições para a sustentabilidade.


            Os proprietários do Castelo de Knapp, na Califórnia, planeiam construir uma casa, no mínimo, inusitada, uma vez que é feita de um material sustentável denominado “Hempcrete”, uma mistura de cânhamo, cal e água. As construções com Hempcrete têm-se popularizado nos EUA devido às diversas vantagens do material.
            O cânhamo, fibra extraída da cannabis, do mesmo género da planta da maconha, é considerado um óptimo material de construção, por ser extremamente eficiente em termos energéticos, atóxico e resistente a minhocas, insectos e fogo. Além disso, a casa construída com o material é biodegradável e possui carbono neutro, uma vez que absorve gás carbónico da atmosfera. O cânhamo é largamente utilizado na indústria para diversas finalidades, desde a fabricação de roupas e papéis, até à produção de óleo para alimentos, vernizes e cosméticos.
            O projecto da casa é gerido pela empresa de construção Hemp Technologies, que já construiu casas de cânhamo no Hawaii, Texas, Idaho e Carolina do Norte. Esta última possui construções conhecidas como “NauHaus” e recebeu o certificado platina LEED, status máximo da “construção verde”. A companhia Hemp Technologies surgiu há três anos, quando os fundadores resolveram procurar na Europa produtos de construção sustentável. O grande problema que a empresa enfrentou, contudo, foi a ilegalidade da plantação da maconha na maioria dos estados americanos. Na Califórnia, por exemplo, as autoridades locais ainda não decidiram se vão permitir a construção da casa.


·         TELHADOS VERDES

            O telhado verde é uma técnica de arquitectura que consiste na aplicação e no uso de solo e de vegetação sobre uma camada impermeável, normalmente instalada na cobertura de residências, fábricas, escritórios e outras edificações. As suas principais vantagens são facilitar a drenagem, fornecer isolamento acústico e térmico e produzir um diferencial estético e ambiental na edificação. O telhado verde proporciona um ambiente muito mais fresco do que outros telhados, mantendo o edifício protegido de temperaturas extremas, especialmente no verão, reduzindo-as até 3°C. Por vezes, os telhados verdes contam ainda com painéis solares que reduzem o consumo de energia eléctrica. Estudos de bioclimatismo indicam que, com o uso de coberturas vivas, é possível melhorar em 30% as condições térmicas no interior da edificação, sem recorrer a sistemas de climatização ou ar-condicionado artificiais. Contribui para a diminuição do efeito de estufa, aumentando a eliminação de carbono da atmosfera. As plantas e a terra do telhado verde funcionam como um filtro natural da água, que pode ser armazenada ainda mais limpa, para depois ser usada na irrigação do jardim, nas bacias sanitárias, no chuveiro e, em regiões mais áridas, até para cozinhar e beber.


            O designer Marco António Castro inovou ao criar um modelo de jardim num local, no mínimo, inusitado: no tecto dos autocarros. Fruto da graduação de designer na Universidade de Nova York, o projeto Bus Roots, instalado na cidade de Nova York, procura ligar os bairros por meio da agricultura urbana, além de todos os benefícios dos telhados verdes – redução das ilhas de calor, captura do gás carbónico e água das chuvas, promoção de ar fresco, entre outros. Embora aparente ser simples, o projecto pode gerar resultados ambiciosos. De acordo com o designer, se houvesse jardins no tecto dos 4.500 autocarros da principal frota que circula por Nova York, haveria 35 hectares de área verde a circular pela cidade, o equivalente a quatro vezes a área do Bryant Park de Manhattan. A experiência do Bus Roots está a ser feita no tecto do BioBus, um autocarro dotado de um laboratório de ciência que leva educação científica a diferentes comunidades dos Estados Unidos.


·         JARDINS VERTICAIS

            Em tempos de construções mais voltadas para a sustentabilidade e para a ecoeficiência, surge uma nova tendência no paisagismo que pode ser usada tanto em ambientes internos como em ambientes externos, apontada como uma alternativa para melhorar a sustentabilidade urbana.

            Para quem mora num apartamento, são uma solução prática e eficiente para ter mais contacto com a natureza. Os jardins podem ser feitos de plantas verdes, flores e até mesmo com ervas e verduras. Mas as vantagens não se ficam por aqui. Entre elas estão a redução da poluição sonora, já que as plantas absorvem ruídos e funcionam como uma espécie de revestimento acústico, a redução da poluição do ar e o isolamento térmico (em ambientes fechados, pode haver uma diminuição até 3ºC na temperatura, o que permite a redução do uso de ar condicionado). Ao longo de um ano, um prédio de quatro andares com a fachada “revestida” por um jardim, por exemplo, pode filtrar 40 toneladas de gases nocivos à saúde, além de apreender e processar 15 kg de metais pesados presentes no ar, tais como chumbo, cádmio e cobre.


            Geralmente implementados em edifícios, na Cidade do México os jardins verticais tornaram-se monumentos – são sete os jardins gigantes espalhados pelos bairros da capital mexicana. A obra, realizada pelo grupo VerdMX (com patrocínio da Nissan), organização sem fins lucrativos que promove o design verde a fim de revitalizar e melhorar a qualidade de vida dos espaços urbanos, garante a melhoria da qualidade do ar na cidade. Segundo a organização, cada metro quadrado de um jardim vertical é capaz de capturar na atmosfera, anualmente, até 130 gramas de poeira gerada pela poluição (são um instrumento para purificar o ar poluído da capital mexicana). Em larga escala, os jardins verticais também ajudam a reduzir as ilhas de calor nas cidades.


            Além das paredes verticais, usadas como fachada de um edifício ou como um quadro interior, há investidores que apostam numa imagem com impacto estético forte, ao mesmo tempo que pretendem também sensibilizar a opinião pública para o valor ambiental, através de painéis publicitários que contribuem para sustentabilidade ecológica. Como exemplo, temos a Coca-Cola, que criou, nas Filipinas, um outdoor de 60 m2 com plantas de chá, que têm a capacidade de absorver a poluição do ar, uma vez que cada planta pode diluir até 13 Kg de dióxido de carbono por ano. De acordo com Guillermo Aponte, presidente da Coca-Cola Filipinas, a iniciativa é uma personificação do conceito “Viva positivamente”, que trata de "um compromisso de fazer uma diferença positiva no mundo por meio da incorporação da sustentabilidade".

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