A arquitectura sustentável
procura apropriar-se de todos os meios possíveis para evitar o choque ambiental
que pode ser provocado por uma edificação . É um projecto em constante
desenvolvimento, através de incessante inovação e recursos tecnológicos que
permitem, assim, o aprimoramento da realidade do dia-a-dia.
O
projecto de arquitectura sustentável
contesta a ideia do edifício enquanto obra de arte e compreende-o como parte do
habitat vivo, estreitamente ligado ao sítio, à sociedade, ao clima, à região e
ao planeta. Compromete-se a difundir
maneiras de construir com menor impacto ambiental e maiores ganhos sociais,
sem, contudo, ser inviável economicamente.
Este tipo de arquitectura baseia-se
em projectos que procuram novas formas e um renovador aproveitamento do espaço,
uma competente utilização da energia e da sua preservação,
a utilização de construções anteriormente existentes, a pormenorização da
matéria-prima usada na edificação e a defesa dos circuitos naturais durante a
realização de obras numa determinada localidade e considera todo o ciclo de
vida da edificação, incluindo o seu uso e manutenção e a sua reciclagem ou
demolição.
Algumas medidas são ideais para quem
se preocupa com a preservação ambiental:
situar a residência e as janelas de acordo com a trajectória do sol no horizonte
e o rumo do vento; utilização de vidros duplos, que permitem que o espaço seja
adequadamente iluminado durante o dia, sem que o ambiente se torne muito
quente, havendo, assim, uma ampla redução dos custos energéticos.
As construções que seguem todos
estes procedimentos são recompensadas com um selo, na proporção das medidas
acolhidas pelos construtores, que torna o imóvel bem mais valorizado e
qualitativo.
O resultado final desta nova arquitectura
ecológica, verde e sustentável, proporciona uma grande vantagem para seus consumidores. Quem não quer ter uma casa saudável, clara, termicamente confortável e
que gaste menos água e energia? A casa ecológica, além de beneficiar o meio
ambiente, garante o bem-estar de quem dela usufrui.
Por
último, resta referir que a adopção de soluções ambientalmente sustentáveis na
construção não acarreta um aumento do preço, principalmente quando integradas na
etapa de concepção do edifício, ou seja, desde a fase do projecto. Em alguns
casos, podem até reduzir custos. Ainda que o preço de implementação de alguns sistemas ambientalmente sustentáveis
num edifício verde gere um custo cerca de 5% maior do que um edifício
convencional, a sua utilização pode representar
uma poupança de 30% de recursos, durante o uso e ocupação do imóvel. Por
outro lado, a construção sustentável vai-se valorizar, ou seja, os imóveis
sustentáveis vão ver o seu valor aumentado em poucos anos. Um sistema de
aquecimento solar, por exemplo, se instalado em boas condições de orientação
das placas, pode ser pago, pela economia que gera, em apenas um ano de uso.
Edifícios que empregam sistema de reuso de água (a água dos chuveiros e
lavatórios, após tratamento, volta para abastecer os sanitários e as torneiras
das áreas comuns) podem ter uma economia de água na ordem dos 35%. Por princípio, a viabilidade económica é uma das condições para a sustentabilidade.
Os
proprietários do Castelo de Knapp, na
Califórnia, planeiam construir uma casa, no mínimo, inusitada, uma vez que
é feita de um material sustentável denominado “Hempcrete”,
uma mistura de cânhamo, cal e água. As construções com Hempcrete têm-se popularizado
nos EUA devido às diversas vantagens do material.
O cânhamo, fibra extraída da cannabis, do mesmo género da
planta da maconha, é considerado um óptimo material de construção, por ser
extremamente eficiente em termos energéticos, atóxico e resistente a minhocas,
insectos e fogo. Além disso, a casa construída com o material é biodegradável e
possui carbono neutro, uma vez que absorve gás carbónico da atmosfera. O
cânhamo é largamente utilizado na indústria para diversas finalidades, desde a
fabricação de roupas e papéis, até à produção de óleo para alimentos, vernizes
e cosméticos.
O projecto da casa é gerido pela
empresa de construção Hemp
Technologies, que já construiu casas de cânhamo no Hawaii, Texas,
Idaho e Carolina do Norte. Esta última possui construções conhecidas como
“NauHaus” e recebeu o certificado
platina LEED, status máximo da “construção verde”. A companhia Hemp
Technologies surgiu há três anos, quando os fundadores resolveram procurar na
Europa produtos de construção sustentável. O grande problema que a empresa
enfrentou, contudo, foi a ilegalidade da plantação da maconha na maioria dos
estados americanos. Na Califórnia, por exemplo, as autoridades locais ainda não
decidiram se vão permitir a construção da casa.
·
TELHADOS VERDES
O telhado
verde é uma técnica de arquitectura que consiste na aplicação e no uso
de solo
e de vegetação sobre uma camada impermeável, normalmente instalada
na cobertura de residências, fábricas, escritórios
e outras edificações. As suas principais vantagens
são facilitar a drenagem, fornecer isolamento acústico e térmico e produzir um
diferencial estético e ambiental na edificação. O telhado verde proporciona um
ambiente muito mais fresco do que outros telhados, mantendo o edifício
protegido de temperaturas extremas, especialmente no verão, reduzindo-as até
3°C. Por vezes, os telhados verdes contam ainda com painéis
solares que reduzem o consumo de energia eléctrica. Estudos de bioclimatismo
indicam que, com o uso de coberturas vivas, é possível melhorar em 30% as
condições térmicas no interior da edificação, sem recorrer a sistemas de
climatização ou ar-condicionado artificiais. Contribui para a
diminuição do efeito de estufa, aumentando a eliminação de carbono da
atmosfera. As plantas e a terra do telhado verde funcionam como um filtro
natural da água, que pode ser armazenada ainda mais limpa, para depois ser
usada na irrigação do jardim, nas bacias sanitárias, no chuveiro e, em regiões
mais áridas, até para cozinhar e beber.
O designer Marco António Castro
inovou ao criar um modelo de jardim num local, no mínimo, inusitado: no tecto dos autocarros. Fruto da
graduação de designer na Universidade de Nova York, o projeto Bus Roots,
instalado na cidade de Nova York, procura ligar os bairros por meio da
agricultura urbana, além de todos os benefícios dos telhados verdes – redução
das ilhas de calor, captura do gás carbónico e água das chuvas, promoção de ar
fresco, entre outros. Embora aparente ser simples, o projecto pode gerar
resultados ambiciosos. De acordo com o designer, se houvesse jardins no tecto
dos 4.500 autocarros da principal frota que circula por Nova York, haveria 35
hectares de área verde a circular pela cidade, o equivalente a quatro vezes a
área do Bryant Park de Manhattan. A experiência do Bus Roots está a ser feita
no tecto do BioBus, um autocarro
dotado de um laboratório de ciência que leva educação científica a diferentes
comunidades dos Estados Unidos.
·
JARDINS VERTICAIS
Em tempos de construções
mais voltadas para a sustentabilidade e para a ecoeficiência, surge uma nova
tendência no paisagismo que pode ser usada tanto em ambientes internos como em
ambientes externos, apontada como uma alternativa para melhorar a sustentabilidade urbana.
Para
quem mora num apartamento, são uma solução prática e eficiente para ter mais
contacto com a natureza. Os jardins podem ser feitos de plantas verdes, flores
e até mesmo com ervas e verduras. Mas as vantagens
não se ficam por aqui. Entre elas estão a redução da poluição sonora, já que as
plantas absorvem ruídos e funcionam como uma espécie de revestimento acústico,
a redução da poluição do ar e o isolamento térmico (em ambientes fechados, pode
haver uma diminuição até 3ºC na temperatura, o que permite a redução do uso de
ar condicionado). Ao longo de um ano, um prédio de quatro andares com a fachada
“revestida” por um jardim, por exemplo, pode filtrar 40 toneladas de gases
nocivos à saúde, além de apreender e processar 15 kg de metais pesados
presentes no ar, tais como chumbo, cádmio e cobre.
Geralmente
implementados em edifícios, na Cidade do
México os jardins verticais tornaram-se monumentos – são sete os jardins
gigantes espalhados pelos bairros da capital mexicana. A obra, realizada pelo grupo VerdMX
(com patrocínio da Nissan), organização sem fins
lucrativos que promove o design verde a fim de revitalizar e melhorar a
qualidade de vida dos espaços urbanos, garante a melhoria da qualidade do ar na
cidade. Segundo a organização, cada metro quadrado de um jardim vertical é
capaz de capturar na atmosfera, anualmente, até 130 gramas de poeira gerada
pela poluição (são um instrumento para purificar o ar poluído da capital
mexicana). Em larga escala, os jardins
verticais também ajudam a reduzir as ilhas de calor nas cidades.
Além das paredes verticais, usadas como fachada de um
edifício ou como um quadro interior, há investidores que apostam numa imagem
com impacto estético forte, ao mesmo tempo que pretendem também sensibilizar a
opinião pública para o valor ambiental, através de painéis publicitários que contribuem para sustentabilidade
ecológica. Como exemplo, temos a Coca-Cola,
que criou, nas Filipinas, um outdoor de 60 m2 com plantas de
chá, que
têm a capacidade de absorver a poluição do ar, uma vez que cada planta pode diluir até 13 Kg de dióxido de carbono por
ano. De acordo com Guillermo Aponte, presidente da Coca-Cola Filipinas,
a iniciativa é uma personificação do conceito “Viva positivamente”, que trata
de "um compromisso de fazer uma diferença positiva no mundo por meio da
incorporação da sustentabilidade".
Sem comentários:
Enviar um comentário