Poluição do ar mata quatro mil portugueses por
ano
por
sofia jesus23 Fevereiro 2005
Todos os anos morrem quatro mil
portugueses, vítimas da poluição atmosférica. O alerta vem de um estudo da
Comissão Europeia, que estima em mais de 300 mil o número de europeus que
morrem prematuramente por ano, devido à má qualidade do ar que respiram.
Portugal ocupa a 13.ª posição no ranking dos países da UE onde a situação é
mais preocupante.
Segundo o relatório apresentado esta
semana, a poluição é também responsável pela redução da esperança média de vida
dos residentes dos estados-membros em cerca de nove meses. Os especialistas
calculam ainda que essa mesma poluição obrigue todos os anos cada trabalhador
da UE a ficar meio dia em casa, por baixa médica. Gastos em saúde que custam
aos países cerca de 80 biliões de euros.
Na origem de 288 mil mortes prematuras
está a inalação de partículas que resultam da queima de combustíveis fósseis.
Mas não só. De acordo com o estudo, também os índices de concentração do ozono
ao nível do solo contribuem para o problema, tirando a vida a 21 400 pessoas,
todos os anos.
O país mais afectado pela poluição
atmosférica é a Alemanha, onde morrem anualmente 65 088 pessoas devido ao
problema. Seguem-se a Itália, com 39 436 vítimas mortais, e a França, com 36
868.
Também o Programa das
Nações Unidas para o Ambiente (PNUA) está preocupado com o modo como os
problemas ambientais podem influenciar o aparecimento de doenças infecciosas.
Na 23ª reunião do PNUA, que decorre até sexta-feira em Nairobi, a capital do
Quénia, os especialistas alertam para o facto de a desflorestação, a expansão
das cidades, a destruição de habitats naturais ou a poluição das águas estarem
a criar condições para o desenvolvimento de novas patologias ou para o regresso
de outras, já dadas como extintas.
in Jornal Expresso
A
poluição atmosférica resulta da queima de combustíveis fósseis como
o carvão mi e derivados do petróleo (gasolina e diesel). A queima destes produtos
lança uma grande quantidade de monóxido de
carbono e dióxido de carbono para a atmosfera. Apesar disso,
estes dois combustíveis gera a energia que alimenta os sectores
industrial, eléctrico e de transportes de grande parte das economias do mundo,
e Portugal não é excepção. Os problemas da
qualidade de ar verificam-se nas áreas urbanas e onde se localizam grandes
unidades industriais, designadamente em Lisboa e Porto.
As
doenças
respiratórias como a asma, as alergias, a rinite alérgica e a bronquite
levam milhares de pessoas aos hospitais todos os anos. Outros problemas de
saúde sentidos, são a irritação na pele, a infecção nos
olhos, a ardência na mucosa da garganta e processos inflamatórios no sistema
circulatório.
Para reduzir a concentração dos poluentes atmosféricos, em Portugal são necessárias tanto medidas preventivas como correctivas, nomeadamente através da definição de normas de emissão, do licenciamento das fontes poluidoras, do incentivo à utilização de novas tecnologias e à utilização de equipamento de redução de emissões, por exemplo de catalizadores nos automóveis e ainda, a utilização de equipamento de despoluição de efluentes gasosos nas indústrias ; por via do controlo dos locais de deposição de resíduos sólidos, impedindo os fogos espontâneos e a queima de resíduos perigosos e, por finalmente promovendo a florestação.
Deixar o carro e
andar mais vezes de transportes públicos ou a pé, está ao alcance de qualquer
cidadão e seria o suficiente para reduzirmos consideravelmente a emissão para a
atmosfera de gases de efeito estufa. Só para ter uma ideia a redução em 5% da
utilização diária do carro apenas em Lisboa e no Porto equivaleria a 350 mil
toneladas de CO2 a menos lançadas para a atmosfera.
Um
dos instrumentos actualmente disponíveis para sabermos o nível de poluição é o
Índice da Qualidade do Ar.
As
crianças são mais vulneráveis ao desenvolvimento de doenças associadas à poluição
do ar pelo facto de o seu organismo estar ainda em fase de desenvolvimento e,
por esse motivo, menos capaz de reagir a perturbações causadas por poluentes.
Os
dados da Agência Europeia do Ambiente, no relatório sobre o Estado do Ambiente na Europa (2003), não deixa dúvidas
quanto ao papel da poluição na saúde pública, a maior partem dos internamentos
nos hospitais europeus deve-se a doenças respiratórias desenvolvidas por acção
da poluição. No mundo, o número de mortes prematuras por causa da poluição do
ar ronda os três milhões. Na Europa, por ano, em cada milhão de crianças há 138
que desenvolvem doenças cancerígenas associadas às radiações ultravioletas e
aos produtos químicos utilizados nas indústrias e na agricultura. Em muitas
populações europeias, o desenvolvimento de distúrbios físicos e mentais
provocados pela exposição ao chumbo, ao mercúrio e aos derivados de compostos
químicos tóxicos, afectam 10% das crianças.
Segundo a Organização
Mundial de Saúde, a poluição atmosférica mata anualmente três milhões de
pessoas no mundo e, na Europa, uma em cada três mortes de crianças deve-se à má
qualidade do ar, o que perfaz o número de cem mil mortes anuais, representando
34% da mortalidade infantil.
Actualmente, os transportes
são, segundo a Agência Europeia do Ambiente, os que mais contribuem para a
colocação de uma cidade como Lisboa na lista das piores capitais europeias em
qualidade do ar.
Apesar de a indústria
estar cada vez mais dotada de tecnologias capazes de conceber veículos que
funcionam com combustíveis menos poluentes, os construtores continuam a faltar
à promessa de produzir automóveis que consigam reduzir consideravelmente as
taxas de emissões de substâncias prejudiciais à saúde e que agravam o efeito
estufa.
O ranking das cidades
nacionais mais poluídas, feito pelo semanário Expresso com a colaboração da
Agência Portuguesa do Ambiente, tendo por base medições da qualidade do ar
durante 2005, revelou que, nesse ano, a capital registou mais dias com excesso
de concentração de partículas (183 dias).
Estimativas
da Organização das Nações Unidas apontam para o agravamento da situação em 2015,
altura em que 69,2 da população viverá nas áreas metropolitanas de Lisboa e do
Porto. Mais: os poluentes são considerados responsáveis pela redução de nove
meses na esperança média de vida dos europeus.
A poluição do ar, devido às características da
circulação atmosférica e à permanência dos poluentes na atmosfera por largos
períodos de tempo, apresenta um carácter transfronteiriço, o que obriga à conjugação
de esforços a nível internacional para de imediato e de forma eficaz a combater
sob penas de mais pessoas serem vítimas deste tipo de poluição.
Marta Franco nº 18300
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