Casos de más práticas nacionais e opções de futuro.
Em Portugal, muitos dos
projetos desenvolvidos nos últimos anos são insustentáveis tanto do ponto de
vista financeiro como, sobretudo, ambiental: entre inúmeros maus exemplos,
avultam a construção de estradas atravessando áreas ecológicas sensíveis e que
estimulam o uso do automóvel com a consequente poluição; a construção de
barragens com um rendimento muito limitado mas que destruíram património
natural único; ou, ainda, a implantação de urbanizações e empreendimentos em
zonas de solos produtivos ou ecologicamente relevantes, como áreas da Reserva
Ecológica Nacional, Reserva Agrícola Nacional ou Rede Natura 2000.
Num cenário de crise
económica nacional e internacional, que tem acabado por relegar as questões
ambientais para segundo plano, é importante não esquecer que continuamos a
viver uma crise ambiental, com problemas tão graves como o aquecimento global,
a perda de biodiversidade, o crescimento exponencial da população humana ou a
massificação dos padrões de consumo. Ignorar estes problemas que têm reflexos
diretos do ponto de vista ambiental, mas também do ponto de vista social e
económico, e adiar decisões que necessitam de ser tomadas urgentemente, não irá
resolver as questões, mas agravá-las futuramente, com as inerentes
consequências nocivas para todo o planeta e, naturalmente, para a espécie
humana também.
À escala nacional e
planetária, o paradigma dominante tem sido o de estimular a produção e o
consumo descontrolados, escamoteando que os recursos naturais, que estão na
base de toda a economia, são finitos e escassos, e os consumos energéticos
devem ser necessariamente limitados. De modo a que se caminhe para uma economia
mais sustentável, o futuro deverá passar pela atribuição do valor real às
externalidades associadas (como os impactes ambientais dos seus produtos e
serviços e o benefício dos serviços prestados pelos ecossistemas naturais), a
valorização das boas práticas ambientais pelas empresas e a preferência dos
consumidores por bens e serviços com menores impactes ambientais e maior valor
acrescentado.
O contributo de cada um de nós
Aqui deixamos algumas propostas:
- Reduzir o consumo de carne proveniente da produção intensiva e preferir
alimentos de origem vegetal (frutas, legumes, cereais e leguminosas);
- Preferir alimentos produzidos em modo de produção biológico;
- Não adquirir animais ou produtos de animais em vias de extinção;
- Plantar espécies autóctones;
- Poupar água;
- Reduzir o consumo de energia;
- Pensar bem antes de comprar um qualquer bem ou serviço (refletir sobre a
sua necessidade, utilidade e impacto em termos de sustentabilidade/gasto de
recursos, poluição e impacto no fim da vida, condições sociais em que foi
produzido);
- Preferir produtos nacionais;
- Andar a pé, de bicicleta e de transportes colectivos;
- Respeitar os mesmos princípios em qualquer contexto: trabalho, escola,
férias, etc.
- Exigir que os nossos representantes políticos assumam políticas que
promovam a sustentabilidade;
- Exigir que as empresas disponibilizem produtos e serviços mais
sustentáveis e que o comprovem através de certificações independentes.
A caminho da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável - Rio+20
Vinte anos após a primeira Cimeira da Terra – Rio 92, Governos,
instituições internacionais, ONG e sociedade civil de todo o Mundo irão
participar na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável
(CNUDS ou "Rio+20"), em que o foco central será a transição para uma
economia verde global, no contexto da erradicação da pobreza, e a governança
para um desenvolvimento sustentável.
Na semana em que se
comemora o Dia da Terra, a Quercus e a
Rede Lusófona para o RIO +20, em parceria com a C.M. Gaia, apresentaram a
campanha internacional intitulada “O que nos une a todos”, enquadrada no âmbito
da realização da Conferência Rio+ 20, que decorre no Rio de Janeiro, Brasil, de
20 a 22 de junho deste ano. A campanha “O que nos une a todos” vai consistir
numa série de ações a realizar ao longo dos próximos dois meses, como o
lançamento de uma música com o mesmo título, de um videoclip, a organização de
conferências e o lançamento da iniciativa “5 Saídas Para a Crise”.
Lisboa, 21 de abril de
2012
A Direção Nacional da
Quercus – Associação Nacional de
Conservação da NaturezaFonte: http://www.quercus.pt/scid/webquercus/defaultArticleViewOne.asp?categoryID=567&articleID=3811
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