Emprego VS Ambiente
A poucos meses de darmos mais um passo importante na nossa
vida enquanto estudantes, acho que é óptimo abrirmos os nossos horizontes numa
altura, em que não é assim tão fácil encontrar o tal emprego! Quem é que nunca
se preocupou com o buraco do ozono ou com a degradação do ar, ou mesmo com a
intensificação da urbanização?! talvez todos nós. E já pensaram como será trabalhar
numa área ligada a tudo isto!?
Sabemos desde logo que hoje o ambiente não olha apenas para
a lógica da poluição, mas também com os aspectos como a qualidade de vida e
preservação dos recursos e da biodiversidade.
E o que é o chamado emprego verde? à
são postos de trabalho criados pelo desenvolvimento de actividades ligadas ao
ambiente. Mas não podemos pensar que só o engenheiro do ambiente é que é
designado como um profissional desta área. E o jardineiro, e o tractorista, são
profissões que para muitos não têm qualquer valor porque não necessitam do hoje
tão aclamado curso superior, mas que existem há séculos e vão sempre ser
preciosos.
Em 1994 o total de emprego em Portugal na área do ambiente,
isto baseado em valores da União Europeia, era de apenas 1,6%, ao invés de
Espanha já com 3,6% e o que dizer da França e da Alemanha com 19,2% e 30,2%,
respectivamente!?
Podemos de facto distinguir entre sectores clássicos,
relacionados com a água e o tratamento de resíduos, e os sectores ligeiros como
o do urbanismo e da formação e educação ambiental, que têm vindo a ganhar cada
vez mais peso, mas na minha óptica peso pouco importante, para a dimensão que
deveria ter.
A verdade é que os dados que nos são dados pelo INE,
Instituto Nacional de Estatísticas, muitas vezes podem ser enganosos porque de
certo que não incluem as actividades tradicionais para as quais não é
necessária na maioria das vezes qualificação profissional. Em 1998 a CEEETA,
Central de Fundos da Economia, Energia, Transportes e Ambiente, após um estudo
feito pela DGEF, Direcção geral do Emprego e Formação Profissional, averiguou
que os valores do emprego verde em Portugal eram entre 0,6% e 0,9% do total de
emprego existente à data. Isto após em 1996 a Comissão Europeia ter dado a
Portugal um valor de 0,5%. Grande contributo para este número foi sem dúvida,
os cerca de 75% de empregos no seio da Administração Pública. Sendo que as
áreas mais influentes nestes números eram as de Lisboa e Vale do Tejo, seguido
do Porto.
Pensem só nos números de hoje, acabam por não ser tao
favoráveis com os cerca de 15% de desemprego que assola o nosso país, mas a
realidade é que na área do Ambiente, existe uma grande variedade de empregos. Basta
pensar na multidisciplinariedade e horizontalidade da área ambiental, mas há
que ter em conta que por influência e incentivos dados pelo Estado muitas áreas
são escolhidas em detrimento de outras. O processo de recrutamento é também ele
fundamental, sendo há uns anos atrás bastante complicado, vagas como de
operador de ETAR eram difíceis de preencher, mas hoje já não.
Curiosidade é o facto de muitos dos países com grandes
números de empregos verdes, serem também países produtores e exportadores de
teconologia como a Alemanha e os EUA. Mas e aqueles empregos que surgem
naqueles países que se dizem preocupados com o emprego e com o ambiente e
acabam por contribuir para a poluição, cabe aqui dizer, mais vale não fazer, do
que fazer mal!
Importa ainda ter em conta a distinção que hoje é por muitos
feita, que respeita aos empregos geradores de novas oportunidades, e empregos
permanentes e de qualidade, a melhor opção é juntar os dois critérios e
conseguirmos o tal emprego!!! Mas muitas vezes empregos que por um lado
pensamos ser meramente temporários como a limpeza de praias e combate a fogos,
devemos tentar sustentá-los com o aumento da qualidade. O grande problema no sector ambiental
acarreta hoje três dimensões: custam dinheiro; riqueza mal distribuída; e não
aproveitamento de estruturas e serviços não poluentes que podem gerar milhares
de empregos.
Em conclusão cabe referir que devemos pensar no
desenvolvimento sustentável e não apenas no crescimento económico para a
criação de emprego. Os empregos devem ser vistos não só de um ponto de vista
económico mas sim agregando-o a um ponto de vista social e cultural, ligados com o mercado social,
numa visão moderna e qualificadora com vista a resultados significativos.
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