sexta-feira, 20 de abril de 2012

Cidades Ecológicas

 Cidades ecológicas

Nas últimas décadas, a humanidade percebeu finalmente o estado de degradação em que se encontra o planeta e a necessidade urgente de se adoptar medidas realmente eficientes e diferentes dos grandes projectos que exigem muito tempo para a sua efectivação e para surtirem o efeito pretendido. Urgem medidas que passem a integrar o quotidiano das pessoas e que realmente sejam capazes de transformar a realidade em que nos encontramos.
Por estas últimas passam as cidades ecologicamente correctas ou cidades ecológicas ou ainda cidades “verdes”.
Mas, o que é uma Cidade Ecológica?  
São vários os critérios que têm que ser combinados, associados e avaliados para determinar se uma cidade é ou não ecológica ou se deve ou não receber o título de cidade verde. Contudo os aspectos primordiais dessa avaliação são, o planeamento urbano e as estatísticas ambientais, sendo que dentro destes dois itens se enquadram outros factores determinantes, como fontes de energia, índices de emissões e de consumo, opções de transporte e muitos mais.
Enfim, uma cidade ecológica é assim considerada quando atinge altos patamares de sustentabilidade. As cidades ecológicas têm como meta buscar o equilíbrio entre a satisfação das suas necessidades actuais sem comprometer o futuro da cidade e do seu meio ambiente.
Cidades Ecológicas no Mundo
Neste momento existem 6 cidades no mundo consideradas ecologicamente correctas. A saber: Reiquiavique, Islândia - a Islândia fez nos últimos anos muitas conquistas para tornar sua capital, Reiquiavique, uma cidade verde. Por exemplo, colocaram-se transportes públicos (autocarros) movidos a hidrogénio e o aquecimento dos edifícios e a energia eléctrica vêem integralmente de recursos geotérmicos e hidroeléctricos. A meta é que a cidade em 2050 não utilize mais qualquer combustível fóssil.
Malmo, Suécia - conhecida pelas suas áreas verdes e parques, a terceira maior cidade da Suécia é um modelo de desenvolvimento auto-sustentável. Com o objectivo de fazer uma cidade ecológica, vários bairros foram transformados, recorrendo-se a projectos inovadores e tendo sido planeados no sentido de promover um incremento de sociabilidade, um meio ambiente protegido e de responsabilidade económica.
 Vancouver, British Columbia, Canada – sendo 90% da sua energia advinda de recursos renováveis, a maior cidade da British Columbia assumiu a liderança no uso de energia hidroeléctrica e está agora a fazer planos para usar energia eólica, solar e das ondas do mar para reduzir significativamente o uso de combustíveis fósseis. A área metropolitana tem 200 parques e cerca de 30 km de costa, e desenvolveu um plano para um período de 100 anos que garanta e potencie sustentabilidade.
Copenhaga, Dinamarca - com uma grande “plantação” de moinhos de vento na sua costa marítima e com um grande número de pessoas a utilizar a bicicleta como meio de transporte, Copenhaga pode ser considerada um “sonho em sustentabilidade”. Em 2007 ganhou o prémio de Melhor Gestão Ambiental Europeia pelos seus cursos de água, canais sem poluição e por estar a implementar um plano ambiental bem construído e de longo prazo.
Baía de Caráquez, Equador - após ter sofrido sérios danos por causas naturais no final dos anos 90, a administração da cidade e as organizações não-governamentais fizeram planos para que a reconstrução da cidade se desse de maneira ambientalmente adequada. Declarada “Cidade Ecológica” em 1999, desde essa época têm vindo a ser desenvolvidos programas para proteger a biodiversidade, revegetar áreas e controlar a erosão. A cidade também começou a fazer a compostagem do lixo orgânico de mercados públicos e a dar apoio à agricultura orgânica e a aquacultura.
Portland, Oregon, E.U.A. - a abordagem do planeamento urbano e a criação de áreas livres faz com que esta cidade esteja no topo das listas dos lugares mais “verdes” para viver. Portland é a primeira cidade americana a ter um plano ambiental abrangente transformado em lei para reduzir as emissões de CO2 e tem recomendado, de forma agressiva, que os edifícios procurem iniciativas para se tornarem ambientalmente adequados. Desenvolveu um sistema abrangente de transportes públicos, com linhas de ferro electrificadas, autocarros e ciclovias o que ajuda a manter os carros fora das ruas, para além de ter cerca de 37.300 hectares de áreas verdes e 119 km de trilhas para corrida ou circulação em bicicleta.
Todavia, algumas outras cidades, embora não preencham os apertados critérios para que possam ser incluídas no grupo das cidades ecológicas, são apontadas como cidades com comportamentos ambientais que se destacam no plano mundial e, por isso, exemplos a seguir.
É o caso de:
Londres, Inglaterra – em Fevereiro de 2007 foi apresentado, para esta cidade, o Plano de Acção da Mudança Climática, representando o mais recente passo na sua missão de transformar a cidade na mais “verde” do mundo. O plano previa que 25% da energia eléctrica fosse gerada localmente, que o uso de recursos naturais fosse mais eficiente, que a emissão de CO2 fosse diminuída em 60%, nos próximos 20 anos, além de ter oferecido incentivos aos moradores para usarem, de forma mais eficiente a energia nas suas casas. Esta cidade também criou taxas elevadas para o uso do transporte individual, com o sentido de diminuir o congestionamento na área central da cidade, isentando, claro está, os veículos movidos a energia eléctrica ou híbridos.
São Francisco, Califórnia, E.U.A
- aproximadamente metade dos moradores usam transporte público, caminham ou usam bicicletas todos os dias, e a cidade tem mais de 17% do seu território com parques e áreas verdes. São Francisco também liderou a criação de edifícios “verdes”, com mais de 70 patentes de projectos registadas. Em 2001, a cidade aprovou a destinação de 100 milhões de dólares para financiar a colocação de aquecimento solar, melhorar a eficiência no uso de energia e utilizar energia eólica nos edifícios públicos e comunitários. A cidade também aboliu os sacos e brinquedos de plástico que utilizem produtos químicos cuja segurança é questionável.
Sidney, Austrália - o país foi o primeiro a retirar das escolas as lâmpadas de bulbo, mas os moradores foram mais longe na sua preocupação com o meio ambiente ao fazerem um blackout de uma hora para chamar a atenção para o aquecimento da Terra. Adicionando a isso as pesquisas que realizam para neutralizar o efeito do gás carbónico, um programa inovador para disposição final de lixo orgânico e o Programa “Green Square“, está a caminho de se tornar uma das cidades mundiais mais ambientalmente sustentáveis.
Barcelona, Espanha – encontra-se na lista pelo facto de 37% das viagens serem feitas a pé, por promover a utilização de energia solar, e por implementar estratégias de estacionamento absolutamente inovadoras. Foi realizado um plano de renovação urbana que inclui medidas para diminuir a pobreza e aumentar o investimento em áreas desfavorecidas.
Bogotá, Colômbia - Numa cidade conhecida pelos altos índices de criminalidade e pela existência de numerosas favelas, foi a luta contra o uso de automóveis que contribuiu para que se tornasse uma das cidades mais acessíveis e sustentáveis do Hemisfério Ocidental. Henrique Penãlosa, que foi prefeito de 1998 a 2001, criou, durante esse período, um sistema de transporte de autocarros muito eficiente, além de ter arranjado vários passeios, de ter construído mais de 280 km de ciclovias e de ter revitalizado 1.200 áreas verdes da cidade. A cidade também iniciou um programa anual de “um dia sem carro”, e a sua meta é eliminar completamente o uso do transporte individual, nas horas de ponta, até 2015.
Bangkok, Tailândia - conhecida pelo elevado nível de poluição do ar, a cidade fez planos para um melhor futuro, tendo sido anunciado e executado um plano estratégico com 5 anos de duração, que inclui a reciclagem do óleo de cozinha para transformá-lo em biodiesel, a redução de emissão de CO2 pelos carros e remodelação dos edifícios para os tornar mais eficientes no uso de energia. A cidade também conseguiu um grande progresso na diminuição da poluição do ar, ainda que esta continue elevada.
Kampala, Uganda - esta cidade tem vindo a vencer desafios com os quais muitas cidades de países em vias de desenvolvimento se debatem. Frente ao “problema” de haver áreas de agricultura no interior da cidade, aprovou uma série de leis que ampararam a agricultura urbana e que revolucionaram o sistema de alimentação local e nacional. Isso levou o Governo do país a implementar um programa de agricultura urbana. A cidade tem agora planos de remover táxis das ruas, de estabelecer uma taxação sobre o congestionamento de veículos e introduzir um abrangente sistema de transporte urbano através de autocarros.
Austin, Texas, E.U.A - tornou-se o centro norte-americano n.º 1 em manufactura de energia solar, e a empresa local, a Austin Energy, mostrou que a utilização de energia solar pode ser utilizada em todo o Texas. A cidade está a caminho de obter 20% de suas necessidades de electricidade com o uso de recursos renováveis, e o prazo para que isso aconteça é 2020. Austin também tem 15% de seu território formado por parques e áreas livres, tendo conseguido implantar 51 km de ciclovias.
Curitiba, Capital do Paraná – Brasil - é considerada a capital ecológica do Brasil, e apesar de não estar dentro dos altos padrões exigidos para ser considerada uma cidade verde ou uma cidade ecologicamente correcta, é no Brasil, a cidade que mais se destaca por acções sustentáveis. Tem cerca de dois milhões de habitantes e muitas áreas verdes, programas de reciclagem muito eficientes, além de um sistema de transporte colectivo bastante bem sucedido, o que faz diminuir o número de veículos nas ruas da cidade.
E quanto a Portugal?
No âmbito de um estudo sobre sustentabilidade desenvolvido pela Economist Intelligence Unit para a Siemens, Lisboa está na 18ª posição entre 30 cidades analisadas pelo Índice Europeu de Cidades Verdes, no ano de 2009.
Este estudo teve em consideração oito temas estruturantes: energia, edifícios, dióxido de carbono, transportes, água, lixo e uso do solo, qualidade do ar e gestão ambiental.
Mas, mais importante é dizer que o Concelho de Paredes, no Porto, vai receber uma cidade ecológica que deverá estar pronta em 2015, estendendo-se por uma área de 1700 hectares.
Em 2015, o Vale do Sousa irá acolher a primeira ecocidade portuguesa e uma das primeiras europeias. Localizada em Paredes, a futura cidade assenta totalmente em energias renováveis, devendo, ainda, gerar emprego, acolher empresas e contribuir para o crescimento económico nacional. Entre os seus promotores está a agência para o investimento, AICEP, que integra este projecto na lista dos Projectos de Interesse Nacional (PIN).
Portugal foi seleccionado para ser “o primeiro centro mundial de investigação e inovação em comunidades sustentáveis” porque tem “uma localização inteligente para uma comunidade inteligente”, enuncia, em comunicado de imprensa, a empresa Living PlanIT – uma start up que se dedica às tecnologias de construção sustentável de projectos e cidades. “Está localizado estratégicamente entre as Américas, a Europa, a África, o Médio Oriente e a Ásia.”
Por outro lado, Portugal oferece recursos humanos com educação de nível superior a baixo custo, contribuindo também para a decisão a “existência de universidades importantes na proximidade (cinco universidades num raio de 90 km), com uma das maiores, a Universidade do Porto, a menos de 15 km”.
Ao que parece, não tardará, e também Portugal se encontrará incluído no reduzido e apertado número de países nos quais se encontram localizadas as cidades ecologicamente correctas.

1 comentário:

  1. Pessoal, sensacional isso tudo.. tem uma referencia? gostaria de citar em um trabalho meu.
    Abraços
    Beatriz

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