A voracidade do crescimento populacional encontra uma barreira natural na
Terra: a sua superfície. Até 2050 estima-se um crescimento de 70%. Além disso, a
utilização dos recursos do planeta, segundo o modelo da sociedade ocidental
actual, conduziu-nos a este estado de evidente insustentabilidade.
A arquitectura uma vez tocada pela ética da ecologia tem sido intensamente
estimulada face ao relevo do papel que os edifícios assumem na escala da
degradação do ambiente. Eles são responsáveis por 50% do consumo mundial de
combustíveis fósseis e 50% da emissão de gases com efeito de estufa. Este não é
um problema de hoje. Já Wright tinha estudado o casamento entre arquitectura e
natureza, e Walter Gropius trabalhou a racionalização do processo de
construção.
A dúvida que hoje tem sido levantada é a seguinte: para moldar a arquitectura
à sustentabilidade ecológica será necessário inventar o futuro ou redescobrir o
passado? A verdade é que todos os eco-projectos nos parecem, na maioria das
vezes, digamos, futuristas ou utópicos. E associado a esta ideia vem, bem
escondidinho, um perigo: a utilização destas ideias como estratégias de
marketing ou tendências da moda. Porém, quais são os riscos de uma “tendência”
deste género para o habitat que nos acolhe tão generosamente?
O arquitecto belga Vincent Callebaut
desenvolveu um projecto ao qual chamou Dragonfly, que pretende ser uma resposta
às cidades (como Nova Iorque) desafiadas pela “horizontalidade” do espaço. O
projecto foi concebido com a intenção de aliviar a necessidade, sempre
crescente, de conciliar a paisagem urbana com a auto-suficiência ambiental e
energética. Por isso, Callebaut propõe-se reinventar as linhas da construção
vertical, associada ao "skyline" da Nova Iorque do século XIX e XX, não só
estrutural como também funcional e ecologicamente.
Pensado para a margem Sul do Roosevelt da big Apple, o exótico projecto é
composto por duas torres, numa estrutura de 2000 metros de altura, que se
alimentam de energia solar e eólica. Esta super-estrutura utópica propõe um
protótipo de quinta urbana “poli-funcionalizada” combinando habitações,
escritórios, laboratórios e espaços de cultivo aproveitados pelos habitantes do
edifício e verticalmente dispostos ao longo de vários andares. Os jardins
exteriores são usados para capturar e filtrar a água da chuva.
Misturada com os resíduos domésticos, a água é recirculada e utilizada para a
irrigação. A estufa, que dá à estrutura um aspecto bizarro, suporta a carga do
edifício e é inspirada no esqueleto das asas de uma libélula. Os espaços entre
as asas estão projectados de modo a aproveitar a energia solar, acumulando ar
quente na exoestrutura durante o inverno. No Verão, a refrigeração é facilitada
pela ventilação natural e pela transpiração das plantas.
O projecto ao tentar integrar sociedade e ambiente responde ao dilema
contemporâneo da produção de alimentos numa cidade com escassez de espaço
horizontal necessário para a agricultura fazendo um apelo à confusão entre
produtor e consumidor. Por isso é que Callebaut, no seu site, começa a
explicação das suas intenções com a seguinte afirmação: “The world of fast-food
and frozen food is over!”
Que seja uma estrategia de marketing, uma tendencia, uma moda...na pratica acabara sempre por contribuir para vivermos melhor e pouparmos os nossos ja tão escassos recursos, cumprindo assim o seu objectivo!
Sem comentários:
Enviar um comentário