terça-feira, 10 de abril de 2012

Boas Notícias!


Golfinhos voltam a ser avistados no Tejo

Grupo de golfinhos da espécie roaz-corvineiros - a mais conhecida do Mundo - continua a visitar o Tejo, sinal de que a poluição está a diminuir no rio. Veja as fotos.

Diana Martins (www.expresso.pt)
18:00 Segunda feira, 27 de fevereiro de 2012
O grupo é o mesmo que foi avistado no verão do ano passado
O grupo é o mesmo que foi avistado no verão do ano passado
Paulo Andrade (engenheiro da Associação Náutica da Marina do Parque das Nações)

Há muitos anos que se tinha tornado um fenómeno invulgar avistar golfinhos no Tejo, o que não é de admirar, já que os esgotos de mais de 100 mil lisboetas corriam diretamente para o rio. Agora, é a segunda vez em menos de um ano que se regista a sua presença, consequência da despoluição do estuário.
Os exemplares da espécie roaz-corvineiro - também conhecida como o golfinho Nariz de Garrafa - foram avistados no início do mês. As fotos que registaram o momento mostram o grupo junto a Cacilhas.
Já no no verão passado um grupo de vinte golfinhos foi visto no rio. Segundo Nuno Sequeira, presidente da Quercus, é provável que este pequeno conjunto de roaz-corvineiros faça parte desse mesmo grupo. "Esta espécie já viveu no Tejo no passado. Nos últimos dois anos têm sido registados vários avistamentos, como aconteceu em julho de 2011, e que se podem tornar cada vez mais comuns", afirmou o presidente da Associação Nacional de Conservação da Natureza.
"Apesar de não existirem dados concretos", a melhoria da qualidade da água parece ser a principal razão para o regresso dos golfinhos ao estuário do Tejo. "Com a construção de algumas ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais), como a de Alcântara, e deslocação de indústrias pesadas na Margem Sul, a qualidade da água tem vindo a melhorar", explica o mesmo ambientalista.
Menos poluído, o rio é assim um lugar com mais alimento para esta espécie de golfinhos comuns. Residentes nas águas costeiras do Oceano Atlântico, os golfinhos deslocam-se aos estuários apenas para se alimentarem. Os roaz-corvineiros comem peixe, crustáceos e bivalve, ingerindo cerca de 10 a 15 Kg de alimento diário.  

 
 
Antes de proceder a uma breve análise crítica da notícia publicada pelo Expresso, cabe fazer um enquadramento geral do problema que aqui é colocado. O Rio Tejo é o maior rio da Península Ibérica, nasce em Muela de San Juan, na Serra espanhola de Albarracin, a 1953 metros de altitude, e a sua bacia hidrográfica com 8100 Km2 corresponde quase à superfície de Portugal continental. Com a forte industrialização em redor das margens do mesmo, em especial no Barreiro, Seixal, Alcochete, Montijo e na bacia hidrográfica do Rio Trancão; a não construção de ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais) para o tratamento de águas contaminadas e o seu directo despojamento no Rio Tejo contribuíram para que diversas espécies de fauna e flora não pudessem subsistir devido às péssimas condições da água (muito poluída) do rio, tendo desaparecido, bem como o próprio cenário do rio Tejo como estância balnear (o que, anteriormente, era uma realidade) não passasse, hoje, de uma miragem.
De entre as várias zonas industriais poluidoras, é de destacar a bem conhecida (mas pelos piores motivos!) bacia hidrográfica do Rio Trancão, localizada numa vasta área de elevada concentração populacional e industrial, onde se destacam matadouros industriais, instalações agro-pecuárias de grandes dimensões, lagares de azeite, indústrias químicas de detergentes, indústrias químico-farmacêuticas, curtumes, fábricas de margarinas, fábricas de lanifícios, indústria de pasta de papel, indústria de mármore, indústria de vinho, preparação de superfície metálicas, metalurgia, entre outras. Em toda a bacia hidrográfica, as principais fontes poluidoras de origem industrial em termos das cargas de poluição, são as alimentares e bebidas, seguidas da química e produtos metálicos. Sendo que este tipo de indústrias origina efluentes altamente contaminados, caracterizados genericamente por elevados teores em matéria orgânica, óleos e gorduras, sulfatos e metais pesados. Nestas circunstâncias, a linha de água do Rio Trancão, em termos de níveis de poluição das suas águas, pode classificar-se como um esgoto a céu aberto, condicionando de forma altamente negativa a qualidade da água do Estuário do Tejo.
No entanto, em face das orientações nacionais (nomeadamente, o Decreto - Lei 236/96 de 1 de Agosto) e comunitárias relativas à protecção do ambiente e do tratamento de águas residuais e com a mais recente construção de mais ETAR, é previsível que nas próximas décadas, as águas do Rio Tejo melhorem a sua qualidade significativamente. O esforço de consciencialização de uma comunidade acerca da existência dos danos ambientais como sendo danos reais e o alerta de que é necessário que sejam tomadas medidas agora para que o amanhã das gerações vindouras possa existir; começa a dar os seus frutos. É a chamada: Educação Ambiental.
 E ainda que os golfinhos só estejam de passagem e não permaneçam, por agora, no Rio; este é um sinal de que as políticas ambientais quando definidas e efectivamente aplicadas e quando se investe na educação ambiental, é sob a forma deste tipo de notícias que os resultados positivos se vão deixando, aqui, fotografar.

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