Um estudo que recorreu à Avaliação do Ciclo de Vida
para determinar o impacto das actividades humanas no solo concluiu que oito das
15 regiões testadas apresentam risco de desertificação, com o Mediterrâneo a
obter um valor de 6.3 numa escala de 0 a 10.A
desertificação é um fenómeno de degradação do solo que envolve processos de
aumento da aridez, erosão, sobre-exploração dos aquíferos e aumento do risco de
incêndio. Usando estes descritores, investigadores da Universidade Autónoma de
Barcelona e da Universidade Tecnológica de Mendoza, na Argentina, determinaram
os impactos das actividades humanas em 15 eco-regiões avaliando o seu risco de
desertificação. Para tal, os cientistas recorreram à Avaliação do Ciclo de Vida
- uma metodologia que faz uma análise tendo em conta tudo desde a extracção das
matérias-primas até ao destino dos resíduos - a que associaram um Sistema de
Informação Geográfica. Os resultados revelam que as zonas com maior risco de
desertificação a nível mundial são as zonas desertas subtropicais como o Norte
de África, os países do Médio Oriente, a Austrália, o Sudoeste da China e o
extremo Ocidental da América do Sul, às quais foi atribuído um valor de 7.6. O Mediterrâneo e as estepes tropicais
e subtropicais também apresentam um risco considerável – 6.3 – ao passo que as
áreas costeiras e as pradarias, os ecossistemas são os menos ameaçados, com um
valor de apenas 4.
É então neste sentido, e para evitar o
avanço da desertificação no norte africano, que surge o projecto da Grande
Muralha verde de África, um projecto apoiado pela União Africana e cujo fito é
ligar – através de um cordão arborizado
com 15km de largura e 7775Km de comprimento - o Senegal, no oeste do continente
africano, ao Djibuti, na África Oriental. A “Grande Grande Muralha Verde” será constituída
por espécies arbóreas adaptadas à seca e, sempre que possível, nativas dos onze
países que atravessaria. Segundo o governo senegalês, mentor e entusiasta do
projecto, as árvores contribuem para atrasar a erosão do solo, diminuir a
velocidade dos ventos, promover a infiltração da água e ao enriquecer os solos,
garantir a subsistência das populações locais que dependem da criação de gado e
da agricultura.
O
Fundo Mundial para o Ambiente (Global Environment Facility) já garantiu 115
milhões de dólares, enquanto outras organizações de desenvolvimento prometeram
somas que poderão totalizar até 3 mil milhões de dólares. Os proponentes deste
projecto massivo dizem que o mesmo tem igual importância para a mitigação da
pobreza na região como para a protecção ambiental. Ficam
igualmente assegurados a plantação e o desenvolvimento integrado de espécies de
plantas resistentes à seca com interesse económico, de lagos de retenção de
água e de sistemas de produção agrícola e de outras actividades geradoras de
receita, bem como de infra-estruturas sociais básicas.
É claro que o projecto enfrenta
muitos desafios. Utilizar variedades resistentes à seca é um dos maiores e o
projecto tem servido como campo de testes para experiências feitas
por laboratórios estrangeiros que trabalham nesse sentido .
A outra dificuldade é de ordem política. 11 países africanos precisam de
concordar e trabalhar em harmonia para que a ideia funcione, sendo que
autoridades e especialistas por todo o mundo estão atentos ao projecto que bem
pode servir de piloto para outras regiões do globo que enfrentam problemas análogos.
Aplicando uma solução tecnológica
assaz simples de plantação de árvores, a grande muralha tem avançado a par e
passo desde que começaram os seus trabalhos, em 2010, mostrando já resultados
concretos. Este é um projecto de proporções verdadeiramente épicas que
atravessa um continente inteiro e que demonstra bem que por vezes é necessária a intervenção do homem na
Natureza por forma a encontrar soluções viáveis, equilibradas e acima de tudo
numa óptica de plena sustentabilidade.
A baixo fica um vídeo bastante elucidativo sobre
este projecto:
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