Vista aérea da Ilha Graciosa
Em Setembro de 2007, a Ilha Graciosa passou a fazer parte da Rede
Mundial de Reservas da Biosfera da UNESCO por decisão do Bureau do Conselho
Internacional de Coordenação do Programa MAB (O Homem e a Biosfera). Tal reconhecimento reflecte as características ambientais, patrimoniais e
culturais únicas da ilha Graciosa de que são singular exemplo as significativas
colónias de aves marinhas que nidificam nos seus ilhéus, a Furna do Enxofre -
imponente caverna lávica caracterizada por ter um tecto em forma de abóbada
perfeita - a peculiar arquitectura rural promotora da denominada “casa da
Graciosa” e a “Arquitectura da Água”, original expressão da carência de água
que sempre fustigou as gentes da ilha Graciosa.
O Parque Natural da Graciosa constitui a unidade de
gestão das Áreas Protegidas da ilha Graciosa e insere-se no âmbito da Rede
Regional de Áreas Protegidas da Região Autónoma dos Açores, criada pelo Decreto Legislativo Regional n.º 15/2007/A, de 25 de junho. Criado pelo Decreto Legislativo Regional n.º 45/2008/A, de 5 de novembro, o
Parque Natural da Graciosa levou à criação de 8 Áreas Protegidas terrestres e
marítimas, classificadas segundo quatro categorias da IUCN (União Internacional
para a Conservação da Natureza).
As áreas integrantes do Parque Natural da Graciosa
são:
A Reserva Natural do Ilhéu de Baixo;
A Reserva Natural do Ilhéu da Praia;
O Monumento Natural da Caldeira da Graciosa;
A Área Protegida para a Gestão de Habitats ou Espécies da Ponta da Restinga;
A Área Protegida para a Gestão de Habitats ou Espécies da Ponta Branca;
A Área Protegida para a Gestão de Habitats ou Espécies da Ponta da Barca;
A Área Protegida de Gestão de Recursos da Costa Sudeste;
A Área Protegida de Gestão de Recursos da Costa Noroeste;
A Área Protegida para a Gestão de Habitats ou
Espécies da Ponta da Barca;
A Área Protegida de Gestão de Recursos da Costa Sudeste;
A Área Protegida de Gestão de Recursos da Costa Noroeste.
A Área Protegida de Gestão de Recursos da Costa Sudeste;
A Área Protegida de Gestão de Recursos da Costa Noroeste.
Mas são, sem dúvida,
os ilhéus o que maior valor acrescentou à feliz candidatura da ilha a Reserva
da Biosfera. Constituindo importantes habitats de nidificação para aves
marinhas, servem igualmente como áreas de descanso/passagem de aves
migratórias. Neles ocorrem especialmente o Cagarro (Calonectris diomedea
borealis), o Garajau-rosado (Sterna dougallii), o Garajau-comum (Sterna
hirundo), o Frulho (Puffinus baroli baroli) e o Painho-da-madeira (Oceanodroma
castro).
Destaca-se nesse
papel o Ilhéu da Praia que, para além de ser um dos maiores e com maior
diversidade de aves nidificantes dos Açores, foi nele descoberto recentemente
uma espécie endémica, o Painho-das-tempestades-de-monteiro (Oceanodroma
monteiroi), que só nidifica nos ilhéus da Graciosa.
Por outro lado,
detentora de uma orla costeira facilmente acessível a partir dos inúmeros
portinhos tradicionais e de um fundo marinho particularmente belo, tem vindo a
destacar-se no arquipélago como “capital do mergulho dos Açores”, numa
interessante dinâmica local de procura de actividades económicas ambientalmente
sustentáveis. Acrescente-se
ainda que o Governo dos Açores criou nos últimos anos os Parques naturais de Ilha,
em todas as ilhas da região, tendo presente que biodiversidade e geodiversidade
são elementos da identidade insular e uma herança que impõe uma gestão cuidada,
permanente e sustentável para que nada se perca e se assegure um legado para
gerações futuras. Esta gestão orientada não só possibilita a utilização sustentável
de recursos naturais, como potencia o turismo e o bem-estar das populações. Por
outro lado, e muito recentemente, o Diretor Regional do Ambiente defendeu um
forte envolvimento das comunidades locais na vida de cada um dos nove parques
naturais de ilha existentes no arquipélago. A ideia foi avançada na apresentação do regulamento do programa “Parque
Natural – Parceiro para o Desenvolvimento Sustentável”, que decorreu na ilha do
Faial. Esta apresentação formal do regulamento de parceiro é assaz importante para
os parques de ilha, já que a iniciativa concretiza o envolvimento da comunidade
com o seu parque natural.
É mais do que certo que a criação desta figura de
parceiro do parque garante que as
forças vivas de cada ilha se envolvem num grande projeto que passa por levar as
ilhas mais além, no âmbito da conservação da natureza, e por potenciar uma
atividade económica em crescimento como é o turismo. A existência
de três ilhas (Flores, Corvo e Graciosa) classificadas com Reserva da Biosfera,
a candidatura do Geoparque Açores à Rede Europeia e Global de Geoparques e a
atribuição do Prémio EDEN ao Parque do Faial são apontadas como exemplos do relacionamento
saudável que deve existir entre o turismo - uma atividade económica - e o
ambiente. Esta é mais uma razão
para o Governo Regional estar satisfeito com esta iniciativa e pretender que a
mesma seja alargada às demais ilhas. Os parceiros dos parque naturais de ilha,
com direito a usar “selo de identificação”, estão agrupados em quatro
categorias: agências de viagens, empresas de animação turística e
empreendimentos turísticos (Tartaruga), transportes (Cagarro), entidades
produtoras agroalimentares (Morcego) e associações de desenvolvimento local,
clubes desportivos, organizações não-governamentais do ambiente e departamentos
de ensino e investigação (Basalto).
O que se pretende enfim, e nisto o Governo
Regional dos Açores com a criação destes Parques afirma-se como um distinto
exemplo, é favorecer um desenvolvimento sustentado, com o envolvimento de todos
para, desta maneira, conseguirmos conservar o nosso património natural, por um
lado, e, por outro, que os parceiros consigam desenvolver uma atividade
económica com sucesso.
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