terça-feira, 3 de abril de 2012


A água - um recurso essencial ao Homem cada vez mais escasso



         A água é um recurso vital que tem diminuído à medida que a população mundial tem vindo a crescer. Hoje assiste-se a uma sobreexploração dos recursos hídricos que é insustentável. Não sendo possível criar novos recursos é essencial controlar o consumo dos mesmos.

            É de conhecimento geral que de toda a água que existe no planeta Terra, apenas 3% é água doce. Desta percentagem, 2,3% encontram-se nas calotes polares e somente 0,7% se distribui por rios, lagos, lençóis subterrâneos e atmosfera. Significa que é apenas esta a quantidade directamente disponível para o Homem.
Nos últimos 50 anos, a população mundial conseguiu reduzir as reservas globais de água em cerca de 62,7%. Na América do Sul, essa redução é de 73% e no continente africano de 75%. Esta situação foi possível com o desenvolvimento de bombas poderosas que possibilitaram extrair água dos aquíferos com maior rapidez do que a sua recarga pela chuva. Os efeitos da extracção excessiva reflectem-se nas secas, cada vez mais frequentes e prolongadas, na erosão dos solos e na desertificação dos ecossistemas, que afectam diversos países.

Vivemos num mundo em que a disponibilidade de água torna-se um desafio cada vez maior. Os dados da ONU demonstram que o consumo mundial – que rondava os 2 mil metros cúbicos por pessoa, por ano, em 1960 – alcançou os 4,3 mil metros cúbicos nos anos 90 e continua a aumentar de forma acelerada. Para além do aumento do consumo individual, em cada ano, mais de 80 milhões de pessoas reivindicam o seu direito aos recursos hídricos do planeta Terra. Para agravar a situação, sabe-se que, dos 3 000 milhões de habitantes que passarão a fazer parte da população mundial nos próximos 50 anos, a maioria nascerá em países que estarão a sofrer de escassez de água. Em 2050, a população da Índia deverá crescer para além de 510 milhões de pessoas; a da China para mais de 211 milhões; o Paquistão deverá ter aproximadamente 200 milhões de pessoas; o Egipto, o Irão e o México destinam-se a aumentar a sua população em mais de metade da actual. Nestes e em outros países carentes de água, o crescimento populacional está a condenar milhões de pessoas à carência hidrológica.

Com a população actual de 7 000 milhões de pessoas, o mundo tem um enorme défice hídrico. Diversos países como a China, Índia, Arábia Saudita e EUA são responsáveis pela sobreexploração anual dos aquíferos, calculada em 160 000 milhões de metros cúbicos. Considerando como base empírica a relação que indica que a produção de uma tonelada de grãos necessita de 1000 metros cúbicos de águas, então, esses 160 000 milhões de metros cúbicos sobreexplorados equivalem a 160 milhões de toneladas de grãos (metade da colheita dos EUA). Considerando a média mundial de consumo de grãos de 330kg por pessoa, por ano, esta quantidade alimenta 480 milhões de pessoas. Isto significa que, das 6 000 milhões de pessoas do mundo, 480 milhões estão a ser alimentadas com grãos produzidos a partir do uso insustentável de água.

Enquanto são feitos cálculos, estudos e prognósticos sobre disponibilidade, o défice hídrico cresce anualmente, tornando-se cada vez mais difícil de gerir. Por esta razão, a acção no presente é imprescindível e urgente. Embora existam ainda oportunidades para o desenvolvimento de novos recursos hídricos, o restabelecimento do equilíbrio entre o consumo de água e o abastecimento sustentável dependerá, principalmente, de iniciativas como a estabilização populacional, o aumento da produtividade hídrica e a implementação de medidas de minimização da poluição da água.
Da mesma forma que a população mundial se empenhou no aumento da produtividade da terra há meio século atrás, quando as fronteiras agrícolas desapareceram, agora é tempo de empenhar no aumento da produtividade hídrica. O principal caminho no combate à escassez consiste na economia das reservas já existentes, através de uma nova política de uso.

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