terça-feira, 10 de abril de 2012

Movimento "Transição Universitária" FC-UL

Alguns de vós terão recebido uma mensagem nas vossas caixas de correio electrónico sobre um certo "Movimento Transição Universitária" da Faculdade de Ciências. Pois bem, fiquei curioso e procurei investigar quais as ideias defendidas por este este Movimento, e quais as medidas que propõem.

O Movimento Transição Universitária é uma iniciativa de alguns discentes e docentes da Faculdade de Ciências que procuram aplicar a Transição na sua Faculdade e na Universidade de Lisboa. Mas o que é a essa "Transição"?

A "Transição" é um movimento surgido na Irlanda, criado por Louise Rooney e difundido na Inglaterra por Rob Hopkins. Está em franca expansão por todo o mundo, sobretudo por causa da apresentação que Hopkins deu no TED Global 2009. Fundamenta-se este movimento no facto de estarmos a chegar ao fim da era do petróleo barato e de cada vez mais se notar a reversibilidade difícil das alterações climáticas.

Em suma, procura-se que as cidades adoptem modelos sustentáveis, menos dependentes do petróleo, mais auto-suficientes e eficientes. Nas palavras de Hopkins, procuram-se cidades mais resilientes aos problemas económicos e (sobretudo) ambientais.

No seu livro "The Transition Handbook" (O Livro de Bolso da Transição), entretanto substituído pelo "The Transition Companion" (O Companheiro da Transição), Hopkins apresenta doze passos para se atingir a Transição:

  1. Formar grupos na sociedade para procurar possíveis medidas para a diminuição do consumo de energia na comunidade. Questões como a importação de alimentos, energia, educação, moeda local, urbanismos e transportes. É muito importante que o sucesso colectivo seja colocado acima dos interesses pessoais. Deve haver um representante para cada grupo.
  2. Identificar possíveis alianças e construir redes de trabalho. Preparar a sociedade em geral para falar sobre as consequências do pico do petróleo e sobre o aquecimento global e alterações climáticas. Normalmente realizam-se palestras com especialistas e mostras de filmes relacionados com o tema.
  3. Incorporar ideias de outras organizações e iniciativas já existentes.
  4. Organizar o lançamento do movimento que pode ocorrer entre seis meses e um ano após o passo número um.
  5. Formar subgrupos que vão olhar para as suas regiões específicas e imaginar como a sociedade pode torna-se resiliente, ou seja, ser auto-suficiente e capaz de suportar choques externos, como a falta do petróleo.
  6. Fazer eventos em espaços abertos. É importante que a sociedade perceba o movimento e queira fazer parte dele.
  7. Realizar actividades que requerem acção, como por exemplo, plantar árvores de fruto autóctones.
  8. Recuperar hábitos perdidos como fazer concertos públicos, cozinhar, fazer jardinagem, cultivar hortas e andar de bicicleta.
  9. Construir bom relacionamento com o governo local.
  10. Escutar os mais velhos. As pessoas que viveram entre 1930 e 1960, época em que o petróleo ainda não era tão importante, podem ter muito para ensinar.
  11. Não manipular o processo de transição para essa ou aquela tendência. O papel do movimento não é levar todas as respostas, mas deixar que a população encontre meios para a transição. O movimento deve ser um catalisador de ideias.
  12. Criar um plano de acção para reduzir o consumo de energia da cidade.
O Movimento Transição Universitária da Faculdade de Ciências de Lisboa é um dos grupos referidos na primeira regra, cujo objectivo é aplicar os restantes 11 passos para a Transição. Tem um sítio na Internet e organiza regularmente tertúlias e debates sobre sustentabilidade ambiental, relações interpessoais e eficiência energética (calendário das actividades aqui).


Não percam a oportunidade de se informarem sobre este tema, de contribuírem para o debate de ideias junto deste movimento em expansão e, quem sabe, até criarem um movimento destes na nossa Faculdade.


Os meios para atingir a Transição são variadíssimos, um deles é a criação de legislação que obrigue os Particulares e a Administração Pública a ter em conta a sustentabilidade ambiental, energética e económica no seu dia-a-dia (com diversas Directivas Europeias - p. exemplo a Directiva "Serviços de Energia" de 2006 ou a Directiva "Fontes de Energia Renováveis" de 2009).

Algumas ligações úteis para quem se interessar por esta temática:


Movimento Transição e Permacultura Portugal
Rede Internacional de Transição (em inglês)
Rede de Transição na Wikipedia (em inglês)
Primeiros textos de Louise Rooney (em inglês)

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