Parque da Ria Formosa

A água é um recurso natural de grande valor económico, ambiental e social, fundamental à subsistência e bem-estar do Homem e dos ecossistemas da Terra. É um bem comum a toda a humanidade. Durante milhares de anos, acreditou-se que a água era um recurso infinito e renovável, uma vez que parecia existir na Natureza com grande abundância. Contudo, sabe-se hoje que esta análise não corresponde à verdade, e tendo em conta que a escassez de água é um problema ambiental cujos impactos tendem a ser cada vez mais graves, e sendo este um problema tão actual, é de lamentar a desplicência com que se tratam paisagens como a Ria Formosa (não sendo apenas um problema de paisagem, seguramente!). Hoje, a má utilização, e a crescente procura deste recurso, tornou-se uma preocupação geral, pela menor disponibilidade de água potável em todo o planeta. Isto é suficiente, para deixar o cidadão comum preocupado, mas ganha outra dimensão, se pensarmos que apenas 1% de toda a água da Terra está disponível para uso, pois a maior percentagem de água existente é salgada (97,5%) e outra parte encontra-se em locais inacessíveis. De acordo com o World Water Development Report (relatório efectuado por 23 agências das Nações Unidas), o planeta encontra-se neste século, a viver uma “séria crise de água”, que tende a agravar-se, caso não sejam adoptadas medidas rápidas. A poluição, a má gestão da água e as alterações climáticas, que estão de facto, a provocar o aquecimento do planeta, são alguns dos motivos que contribuem para a menor disponibilidade dos recursos hídricos. Podemos definir poluição das águas como a modificações das propriedades físicas, químicas e biológicas da água, bem como a adição de diversas substâncias líquidas, sólidas ou gasosas levando a que as águas se tornem impróprias para o uso.  A poluição é muito diversa, e está associada a vários factores como o aumento da população, o desenvolvimento urbanístico, e a expansão industrial.  A fertilização excessiva das águas por sais nutritivos e por matérias orgânicas é assim designada por eutrofização. Trata-se de uma forma de poluição em plena extensão, que hoje atinge todo o nosso planeta.  Este fenómeno está mais concentrado e mais visível nos  complexos sistemas urbanos.
O cenário que se verifica em Portugal, particularmente no Sul, dá-nos conta de uma situação anormal para a época, com os pivots de rega a funcionar e as culturas de Inverno e forrageiras, com dificuldade em sobreviver.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), depois de analisados vários anos, verificou-se que na última década, os valores das temperaturas se situam consideravelmente abaixo dos normais para a época.

 O Parque da Ria Formosa é uma das mais belas riquezas naturais do Algarve, pela  variedade dos seus ecossistemas e localização. Estende-se pelos concelhos de Loulé, Faro, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António e abrange uma área de cerca de 18 400 hectares ao longo de 60 Km desde o Ancão até à Manta Rota. A sua largura máxima é junto a Faro (cerca de 6 Km). Este sistema lagunar tem uma forma triangular e apesar de ser reconhecido como ria, na realidade não o é, uma vez  que uma ria é um vale fluvial inundado pelo mar o que não é o caso. O seu fundo é constituído por sedimentos lagunares (matéria orgânica), sedimentos continentais (vindos pelas ribeiras e água das chuvas)   e sedimentos arenosos (provenientes das correntes de maré) que se têm vindo a consolidar com a ajuda de um tipo de vegetação predominante e característico desta região. Trata-se de uma área protegida pelo estatuto de Parque Natural, atribuído pelo Decreto-lei 373/87 de 9 de Dezembro de 1987. Anteriormente, a Ria Formosa tinha estatuto de Reserva Natural, instituído em 1978.
A Ria Formosa tem sido tratada como destino de vários esgotos, sendo que em 2006 foram destacados 36 "pontos negros" repartidos equitativamente pelos concelhos de Faro e Olhão, onde se verificam as descargas de esgotos a céu aberto consideradas mais relevantes. Curiosamente, só nas imediações do local da Feira Nacional dos Parques Naturais e Ambiente, no Jardim do Pescador Olhanense, perto da esquadra da PSP, situam-se "três canos" que contribuem para a poluição na ria Formosa. "Escorre para dentro da doca de recreio (vulgo marina), suposto cartão de visita por excelência de Olhão. As descargas de esgotos domésticos e de outro tipo ocorrem regularmente, acompanhando o movimento das marés", sublinha a associação ambientalista Avisar Toda a Gente, criada em Dezembro de 2005 naquela cidade e que integra um total de 150 membros, na sua maioria mariscadores e viveiristas.
Este ano, no dia 15 de Fevereiro de 2012, a Marinha/Autoridade Marítima Regional do Sul promoveu um exercício de combate à poluição na Ria Formosa, no Cais Comercial de Faro, denominado "Faro 2012". Como cenário, foi simulado um incidente em que, um navio de médio porte utilizado para transporte de areia embateria violentamente no cais, durante uma manobra de atracação, abrindo um rombo no casco na zona de um tanque de combustível (gasóleo) com consequente derrame. Por forma a minimizar os danos ambientais nas águas da Ria Formosa foram colocadas barreiras para contenção do derrame e instalados dois pontos de recolha, com um recuperador em cada ponto, e todo o  sistema de trasfega do hidrocarboneto recolhido. Em simultâneo foi realizada a limpeza da praia/pedras , que foram atingidas pelos produtos poluentes. Iniciativas como estas são de saudar na medida em que contribuem para a consciencialização e sensibilização perante o problema da escassez da água.