sábado, 7 de abril de 2012

Portugal está a desinvestir nas energias renováveis


Electricidade: Portugal com 130 mil empregos em risco nas renováveis

                                         
O presidente do consórcio Eólicas de Portugal (ENEOP), responsável pela instalação de 1200 MegaWatts (MW) de potência eólica no país, afirmou ontem que estão em risco 130 mil empregos que poderiam ser criados na área das renováveis, porque a actividade nacional está parada. “Nesta altura, em Portugal está a desinvestir-se, quando o resto do mundo está a investir nas energias renováveis. Estamos em contraciclo”, apontou Aníbal Fernandes, citado pela agência Lusa.
Em causa, afirmou, estão empregos directos e indirectos na fileira das renováveis, sobretudo hídricas e eólicas, face à “paragem” da actividade, nomeadamente com a revisão de incentivos, taxas e tarifas anunciada pelo governo. “Estamos a falar de fábricas de aerogeradores que empregam muita gente, da construção de barragens, da projecção e da gestão de parques, entre outros”, disse, à margem da visita de um grupo de deputados do parlamento federal alemão às fábricas da Enercon em Viana do Castelo.
Em Portugal, o consórcio ENEOP realizou um investimento de 188 milhões de euros em novas unidades industriais, lideradas pela alemã Enercon, número um na produção de aerogeradores. Desde 2006, este consórcio, que junta empresas como a EDP e a Finerge, criou 1930 postos de trabalho directos e 5 mil indirectos.
Por este volume de investimento, o consórcio recebe 67 euros por cada MegaWatt hora produzido nos respectivos parques. Na Alemanha, recordou Fernandes, esse valor é de 96 euros, em Itália de 140 euros e na Bélgica de 120 euros. “A nossa tarifa é a mais baixa de Europa. Contrariamente à cacofonia que algumas pessoas querem instalar no país, porque têm agendas escondidas e são intelectualmente desonestas”, criticou. “As tarifas que estão hoje em vigor e que algumas pessoas criticam como o monstro eléctrico de Sócrates foram publicadas pelo governo de Durão Barroso.”
Para o presidente da ENEOP, o Estado tem agora de honrar os compromissos assumidos. “O que queremos é que o valor da tarifa que nos foi consignada, num concurso legal e transparente, nos seja garantido nos pontos de ligação à rede. Mais nada.” Apesar da paragem nos financiamentos e na política de diversificação das fontes de energias renováveis – que afirma estar a acontecer desde o Verão passado –, o responsável admitiu que só foi possível manter os postos de trabalho através do incremento das exportações, nomeadamente pela Enercon.



Esta notícia, publicada ontem na edição online do jornal i, parece-me que comporta uma especial relevância para a nossa disciplina no tocante às duas afirmações, por mim sublinhadas, do presidente da ENEOP. (A noticia não se foca directamente nestes aspectos, mas estes parecem-me especialmente pertinentes).
Da primeira afirmação, retira-se que Portugal está neste momento a desinvestir nas energias renováveis, algo que poderá parecer, numa primeira avaliação, a solução mais fácil no entanto e fazendo uma analise mais profunda da questão, parece-me que na situação de crise que vivemos a aposta devia ser precisamente a inversa, de modo a que se reduzisse a dependência energética externa, algo que neste momento condiciona o nosso “restabelecimento económico”.
Por outro lado, e avaliando agora a segunda afirmação do presidente da ENEOP, parece-me que a aposta na diversidade de fontes energéticas renováveis, não deveria ser posta em causa, pois Portugal apresenta-se como um pais com óptimas condições em relação a um grande leque de fontes renováveis – sol, ondas, mares, entre outros- pelo que deve ser feito um investimento o mais diversificado possível. Esta parece-me ser a melhor solução, pois no caso de ocorrer algum problema em alguma delas, a autonomia energética portuguesa nunca seria colocada em causa.
Também uma nota para o facto de, segundo o presidente da ENEOP, estarmos perante uma época de redução do financiamento. Relativamente a esta questão parece-me que temos de procurar novos investidores e devemos criar as melhores condições possíveis para a entrada de capitais estrangeiros no nosso país. 
Deste modo, parece-me que os dois aspectos tratados nesta noticia têm, para além de uma grande relevância ambiental, uma muito grande importância económica, pelo que a questão, na minha opinião, deve ser tratada com uma maior ponderação e não permitindo apenas uma satisfação a curto prazo, pois esses casos são normalmente avessos ao desenvolvimento e ao progresso.

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