quarta-feira, 11 de abril de 2012

Sobre o Ciclo de Conferências "O Futuro da Alimentação"

Uma Iniciativa que decorre na Fundação Calouste Gulbenkian




A crise económica mundial apela a uma reflexão profunda e emergente sobre a mudança de paradigma na definição de prioridades e nos comportamentos. A sociedade civil pode assumir um papel fundamental na procura de soluções possíveis, tanto ao nível mais local como global. A Fundação Calouste Gulbenkian tem vindo a investir na antecipação dos problemas que mais profundamente marcarão a nossa sociedade, na promoção do debate informado sobre estes desafios, na experimentação a nível local de novas soluções para aqueles problemas, na mediação do diálogo entre organizações sociais e os vários sectores da sociedade, no reforço da capacidade de atuação das organizações, na mobilização de parcerias e na disseminação de boas-práticas. 
Nesta linha, o Programa Gulbenkian de Desenvolvimento Humano (PGDH) e o Programa Gulbenkian de Ajuda ao Desenvolvimento (PGAD) organizaram este ciclo de conferências sobre o futuro da alimentação e as suas implicações no ambiente, na saúde e na economia, comissariado por José Lima Santos com a colaboração de Isabel do Carmo e Pedro Graça. Foram convidados especialistas nas diversas áreas-problema a partilhar com a sociedade os seus conhecimentos e visão, no âmbito de um debate alargado e integrador que promova o diálogo interdisciplinar e a emergência de novas visões. Em cada uma das sessões foram e serão analisadas opções e escolhas possíveis e produzidas recomendações para os diversos intervenientes: ciência e tecnologia, economia e mercados, políticas públicas, consumidores, agricultores e indústria.
Hoje, dia 11 de Abril, foi proferida uma conferência pelo Professor Tim Lang, professor de Política Alimentar na City University, em Londres, com o título “É possível uma alimentação saudável e simultaneamente sustentável?”. Do exposto retirou-se que no século XX assistimos a profundas alterações na produção, processamento e consumo alimentares, com a indústria alimentar dominada pela intensa procura por comida mais barata, de melhor qualidade e em abundancia. Atualmente, o abastecimento e o consumo alimentares enfrentam exigências mais complexas. A alimentação tem que ser sustentável e acessível, além de saudável e socialmente justa. Satisfazer esta combinação de requisitos é um problema para os decisores políticos, relutantes em passar das orientações dietéticas, assentes na nutrição, às baseadas na alimentação sustentável. A indústria, por sua vez, quer que a deixem à vontade para orientar os preços em função da "eficiência do mercado".
Esta palestra deu uma visão geral sobre a dificuldade em conjugar a saúde dos seres humanos com a do ambiente, a partir da alimentação. As sofisticadas análises que começaram a ser produzidas são um desafio para as políticas publicas. O século XXI precisa de políticas integradas, com medidas adoptadas a partir da reflexão, e não de políticas segmentadas. Um dos principais problemas que surge é o das opções dietéticas - poderá o mundo produzir alimentos a uma escala pantagruélica, para se comer como nos EUA (como se houvesse cinco planetas) ou na Europa (onde bastam três)? Não é de crer. Mas alguém se lembrou de avisar os consumidores que a escolha ilimitada do seculo XX terminou? Conseguirão as indústrias de abastecimento alimentar transformar-se, através do "processamento da escolha" ["choice-editing"], antes das pessoas verem ou consumirem os produtos? Ou terão os decisores que se associar ao grande poder do consumismo? A palestra resumiu o que tem sido pensado sobre esta enorme área de políticas, questionando sobre o que podem fazer a sociedade civil,os governos, o comércio e os sectores profissionais.
Os textos das comunicações feitas serão posteriormente editados em livro para quem se possa interessar sobre o tema. A Agenda deste Ciclo de Conferências poderá ainda ser consultada no sítio online da Fundação Calouste Gulbenkian para todos aqueles que quiserem tomar parte nesta iniciativa. 


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