Comunidade de golfinhos do Sado corre risco de extinção
“Há mais um golfinho no Sado. Foi avistado ontem pela
primeira vez e já tem nome: Moisés. O nascimento desta cria aconteceu apenas um
dias antes do início do seminário internacional Golfinhos-Roazes do Sado, que
está a decorrer em Setúbal. Mas se essa foi uma notícia acolhida com agrado
pelos participantes na iniciativa, tal não refreou o sentimento de pessimismo
reinante relativamente à sobrevivência futura da comunidade de golfinhos do
Sado que, adianta Manuel dos Santos, do Projecto Delfim, "está ameaçada de
extinção".
Este investigador, que há muitos anos se dedica ao estudo da
comunidade de golfinhos do Sado, revelou que a contagem que está a ser feita
desde o início do ano do número de golfinhos do Sado já permitiu identificar 24
exemplares, dos quais três são juvenis.
Mas a bióloga Raquel Gaspar destacou o facto destes três
juvenis, a que se junta agora a nova cria, são em número insuficiente para
conseguir inverter, por si só, o risco de extinção, já que a população de
golfinhos é uma população envelhecida, sendo que, nos últimos vinte anos, “os jovens roazes desapareceram,
uns morreram, outros emigraram para junto das comunidades costeiras”.
Muitos biólogos que têm estudado esta temática têm avançado
a ideia de que a população de golfinhos vai continuar a decrescer, chegando
inclusive a um ponto em que os golfinhos mais velhos acabarão por morrer sem
deixar descendentes.
Importa a este respeito questionarmo-nos sobre quais os
factores que estarão na origem da não renovação da geração de golfinhos no
Sado. Entre as principais razões destacam-se:
·
Toxicidade das águas;
·
Falta de civismo da população que vive
nos arredores pois que atiram objectos para o mar;
·
Falta de variabilidade genética e
existência de consanguinidade entre golfinhos;
·
Efeito de assédio das embarcações de observação
comercial e das motas de água;
·
Embarcações turísticas que poluem as
águas e não respeitam a protecção da Zona do Estuário do Tejo;
·
Primazia do turismo no Estuário do
Sado, em detrimento da protecção do ambiente
·
Falta de observância do DL 9/2006;
·
Circulação dos ferry’s na zona de
habitat desta espécie;
·
Poluição dos peixes, que são a
principal fonte de alimentação desta espécie;
·
Circulação de embarcações na zona de
alimentação dos golfinhos, o que resulta na contaminação dos alimentos daqueles;
·
Aumento da mortalidade das crias,
resultante da toxicidade do leite materno, causado pela poluição das águas e da
contaminação dos alimentos, o que faz com que se verifique a
redução da resistência imunitária das crias;
Medidas
que devem ser adoptadas para combater esta tendência:
·
Redefinição da circulação dos ferry’s e
das restantes embarcações
·
Maior fiscalização das embarcações de
modo a que respeitem a protecção da fauna e flora do Estuário do Tejo
·
Apostar no estudo dos elementos
químicos que estarão associados à morte desta espécie e o impacto das
embarcações na taxa de natalidade e na sobrevivência destas espécies
·
Adopção de políticas de sensibilização
à população no sentido de diminuição da poluição das águas
·
Maior investimento por parte do Estado
no financiamento destas políticas de protecção ambiental
·
Incentivo e apoio ao desenvolvimento de
estudos ambientais como solução deste problema
Realizado por:
Alina Mendonça
subturma 9, nº 17957
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