domingo, 13 de maio de 2012

ETAR incapaz de anular o mau cheiro


Todos sabem que a cantiga diz "Cheira bem, cheira a Lisboa", mas um ano depois de concluído o investimento de 70 milhões de euros de modernização da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcântara, os moradores continuam a queixar-se do mau cheiro.

"É verdade que houve uma melhoria desde a intervenção, mas o que as pessoas dizem é que precisava de uma melhoria mais significativa, porque as coisas continuam complicadas, principalmente o cheiro", diz Vítor Sarmento, porta-voz dos moradores de Alcântara.

De acordo com o vereador responsável pelos espaços verdes na câmara de Lisboa, José Sá Fernandes, apesar das "melhorias substanciais", a nível do controlo dos cheiros provocados pela estação de tratamento, tem de haver progressos.

Segundo o vereador, em relação à ETAR, "não estarão a ser feitas as desinfecções previstas" por não haver acordo sobre o uso da água reciclada para regas.

"Ainda estamos em conversações com a EPAL e a SIMTEJO – Saneamento Integrado dos Municípios do Tejo e Trancão – para ver qual é que será o preço desta água reciclada, que deve ser usada na rede de rega que foi montada ao longo da frente ribeirinha, entre o Cais do Sodré e Alcântara", explicou José Sá Fernandes.

Francisco Ferreira, da associação ambientalista Quercus, considera que a estação deveria ter condições que impossibilitassem os maus cheiros. "Se isso acontece deve ser rapidamente realizado um esforço para identificar qual a origem do problema", referiu o ambientalista.

A ETAR, inaugurada a 29 de Abril de 2011, é a maior do País, tratando os esgotos de 756 mil habitantes de Lisboa, Amadora e Oeiras. O objectivo principal da modernização é contribuir para a despoluição do Estuário do Tejo.

O objectivo principal deste investimento de 70 milhões de euros é o de contribuir para a despoluição definitiva do Estuário do Tejo.

De acordo com um balanço enviado à Lusa pela SIMTEJO – Saneamento Integrado dos Municípios do Tejo e Trancão, «desde Maio de 2011 e até à data, a ETAR de Alcântara, ainda em fase de conclusão, tratou cerca de 50 milhões de m3 de águas residuais, o que representa um caudal médio de 140 mil m3/dia».

A SIMTEJO salientou ainda que, além do tratamento da água, houve uma preocupação de integração paisagística da ETAR no vale de Alcântara, tendo sido construída uma cobertura verde sobre toda a instalação, «reduzindo o seu impacte e estabelecendo uma harmonia ambiental com o Parque de Monsanto».

A ETAR de Alcântara permite o reaproveitamento das águas tratadas para regas ou lavagens de ruas, entre outros.

Em Lisboa, a ETAR trata os efluentes desde a zona ribeirinha do Terreiro do Trigo, em Santa Apolónia, até Belém.

A inauguração foi considerada então pela Quercus como «importante, mas insuficiente», porque o Estuário do Tejo deve ser alvo de uma monitorização global.

Até 2013 Portugal tem como objectivo de recolher e tratar 90% das suas águas residuais, quando actualmente anda próximo dos 85%.

Correio da Manhã e Sol

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