Todos sabem que a cantiga diz "Cheira bem, cheira a Lisboa", mas um ano depois de concluído o
investimento de 70 milhões de euros de modernização da Estação de Tratamento de
Águas Residuais (ETAR) de Alcântara, os moradores continuam a
queixar-se do mau cheiro.
"É verdade que houve uma
melhoria desde a intervenção, mas o que as pessoas dizem é que precisava de uma
melhoria mais significativa, porque as coisas continuam complicadas,
principalmente o cheiro", diz Vítor Sarmento, porta-voz dos moradores de
Alcântara.
De acordo com o vereador
responsável pelos espaços verdes na câmara de Lisboa, José Sá Fernandes, apesar
das "melhorias substanciais", a nível do controlo dos cheiros
provocados pela estação de tratamento, tem de haver progressos.
Segundo o vereador, em relação à
ETAR, "não estarão a ser feitas as desinfecções previstas" por não
haver acordo sobre o uso da água reciclada para regas.
"Ainda estamos em
conversações com a EPAL e a SIMTEJO – Saneamento Integrado dos Municípios do
Tejo e Trancão – para ver qual é que será o preço desta água reciclada, que
deve ser usada na rede de rega que foi montada ao longo da frente ribeirinha,
entre o Cais do Sodré e Alcântara", explicou José Sá Fernandes.
Francisco Ferreira, da associação
ambientalista Quercus, considera que a estação deveria ter condições que
impossibilitassem os maus cheiros. "Se isso acontece deve ser rapidamente
realizado um esforço para identificar qual a origem do problema", referiu
o ambientalista.
A ETAR, inaugurada a 29 de Abril
de 2011, é a maior do País, tratando os esgotos de 756 mil habitantes de
Lisboa, Amadora e Oeiras. O objectivo principal da modernização é contribuir
para a despoluição do Estuário do Tejo.
O objectivo principal deste
investimento de 70 milhões de euros é o de contribuir para a despoluição
definitiva do Estuário do Tejo.
De acordo com um balanço enviado
à Lusa pela SIMTEJO – Saneamento Integrado dos Municípios do Tejo e Trancão,
«desde Maio de 2011 e até à data, a ETAR de Alcântara, ainda em fase de
conclusão, tratou cerca de 50 milhões de m3 de águas residuais, o que
representa um caudal médio de 140 mil m3/dia».
A SIMTEJO salientou ainda que,
além do tratamento da água, houve uma preocupação de integração paisagística da
ETAR no vale de Alcântara, tendo sido construída uma cobertura verde sobre toda
a instalação, «reduzindo o seu impacte e estabelecendo uma harmonia ambiental
com o Parque de Monsanto».
A ETAR de Alcântara permite o
reaproveitamento das águas tratadas para regas ou lavagens de ruas, entre
outros.
Em Lisboa, a ETAR trata os
efluentes desde a zona ribeirinha do Terreiro do Trigo, em Santa Apolónia, até
Belém.
A inauguração foi considerada
então pela Quercus como «importante, mas insuficiente», porque o Estuário do
Tejo deve ser alvo de uma monitorização global.
Até 2013 Portugal tem como
objectivo de recolher e tratar 90% das suas águas residuais, quando actualmente
anda próximo dos 85%.
Correio da Manhã e Sol
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