domingo, 13 de maio de 2012

MPF denuncia Chevron e Transocean por desastre ambiental na Bacia de Campos


O Ministério Público Federal (MPF) denunciou criminalmente as empresas Chevron, Transocean e mais 17 pessoas por crime ambiental e dano ao património público em virtude do vazamento de petróleo no campo de Frade, da bacia de Campos, no Rio de Janeiro, em novembro de 2011. O presidente da Chevron no Brasil, George Buck, e mais três funcionários da empresa responderão ainda por dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público, por omitir o cumprimento da obrigação de interesse ambiental, por apresentar um plano de emergência enganoso e por falsidade ideológica, ao alterarem documentos apresentados a autoridades públicas.

Na denúncia, o MPF pede também a apreensão de todos os bens dos denunciados e o pagamento de caução de 1 milhão de reais para cada pessoa e 10 milhões de reais para cada empresa. Caso sejam condenados, o valor da caução servirá para pagar a indemnização dos danos, multa e custas do processo.

Segunda a denúncia apresentada na 1ª Vara Federal de Campos, o derramamento de petróleo afetou todo o ecossistema marítimo - podendo levar à extinção de espécies - e causou impactos às atividades económicas da região, além de danos ao património da região, uma vez que o vazamento ainda está em curso. Para o procurador da República Eduardo Santos de Oliveira, os funcionários das empresas Chevron e Transocean causaram uma “bomba de contaminação de efeito prolongado” ao empregarem uma pressão acima da suportada, ocasionando fraturas nas paredes do poço que vazaram petróleo no mar, mesmo após o seu fechamento.

Segunda a ANP (Agência Nacional de Petróleo), foram detectadas falhas gravíssimas em equipamentos na plataforma SEDCO 706 - da propriedade da Transocean -, demonstrando a precariedade das condições em que a Chevron promovia a perfuração dos poços de petróleo. Embora constasse em seu Plano de Emergência Individual, a Chevron não tentou recolher o óleo do mar, optando pelo uso da dispersão mecânica, que causou o espalhamento do petróleo e aumentou o desastre ambiental. A auditoria da ANP evidenciou ainda a presença de apenas uma embarcação destinada a dispersão mecânica da mancha.

Entre os denunciados pelo MPF, está também uma analista ambiental da empresa Contecom, detida pela Polícia Federal em novembro de 2011 pelo armazenamento e processamento inadequado de produtos tóxicos provenientes da perfuração da Chevron no campo de Frade. Foi constatado que o material transbordava no tanque, misturando-se a outros produtos tóxicos e escorrendo até galerias de águas pluviais.

No relatório da Polícia Federal e do MPF, o excesso de pressão na perfuração do poço superior à tolerada é apontado como uma das principais causas dos problemas.

O procurador em Campos acusa a Chevron de "ter criado uma pressão maior que a suportada e ter cavado além do que foi autorizado". "Eles assumiram um risco premeditado", afirmou. "O vazamento já não é no poço, mas na rocha reservatória, e não tem como ser controlado. Não se sabe a capacidade. É uma cratera no solo marinho.”

O delegado da Polícia Federal Fábio Scliar, responsável pelo inquérito, também afirmou, baseado no depoimento de geólogos, que houve excesso na pressão usada na injeção de fluido de perfuração. "O poço explodiu e depois foi necessário usar mais pressão para abandoná-lo".

Segundo ele, uma área de cerca de 7 quilómetros quadrados do Campo de Frade pode estar sob risco de novos vazamentos. "A situação é grave e está fora de controlo. Como é inédita, a indústria não está preparada para responder.”

Março de 2012

Fonte: http://noticias.pgr.mpf.gov.br (não obstante alguma "nacionalização" de alguns dos termos empregues na notícia original em Português do Brasil)

Sem comentários:

Enviar um comentário