A propósito do dia Internacional dos Monumentos e Sítios, comemorado no passado dia 18 de Abril, 44 personalidades assinaram um manifesto pelo Tua, de entre as quais o arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles, o economista e dirigente do BE Francisco Louçã ou o músico Rui Reininho. Este documento foi lançado pelas principais associações ambientalistas nacionais, designando “sete boas razões para parar a criminosa barragem” que será projetada pela EDP.
O manifesto pretende tentar salvaguardar um dos últimos rios selvagens da Europa, os signatários esperam que com esta chamada de atenção as obras parem antes que possam ser criados danos irreparáveis naquela região, não se perdendo um património imaterial de valor inestimável que faz parte da nossa identidade cultural.
Entre os motivos apontados destacamos:
O não cumprimento dos objetivos, Foz Tua contribuiria com uns míseros 0,1% da energia do País (0,6% da eletricidade), evitando 0,1% das emissões e das importações de energia.
Melhores alternativas, como exemplo: investimentos em eficiência energética, com custo por kWh 10 (dez) vezes menor que novas barragens; e reforço de potência das barragens existentes, com custo por kWh 5 (cinco) vezes menor que novas barragens.
Um atentado cultural, a albufeira criada pela nova barragem irá por termo a centenária linha ferroviária do Tua, cujas paisagens naturais e humanas são de uma beleza indescritível, e coloca em causa a classificação do Alto Douro Vinhateiro como património da Humanidade.
A verdade é que poucos dias depois do Manifesto, a linha de muito alta tensão entre a barragem da Foz do Tua e de Armamar foi chumbada pelo Ministério do Ambiente. Segundo a DIA produzida sobre esta linha, o chumbo dever-se-á produção de impactos diretos e negativos de elevada magnitude, não existindo uma possibilidade de minimizar perdas socioeconómicas, usos do solo, paisagem, para além do que acarretaria custos no património cultural, no que diz respeito ao Douro Património Mundial.
As tentativas de tentar salvar o Vale do Tua já são inúmeras entre as quais destacamos o Documentário de 2009 “Pare, Escute e Olhe”, que defendia a preservação da linha ferroviária do Tua pretendendo dar “voz a um povo inconformado, maior vítima de promessas incumpridas dos que juraram defender a terra”, vencedor de alguns prémios de cinema.
Apesar das inúmeras tentativas de salvar o Tua, dos pareceres desfavoráveis e das inúmeras duvidas que este projeto levanta em Bruxelas, tanto o Governo como a EDP parecem estar relutantes em desistir do mesmo. Esperamos que a decisão de avançar com o projeto possa ainda ser revista a tempo de salvar o Tua
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