Capitalismo Ecológico
“Utopia é continuar a fazer
conferências internacionais para baixar as emissões sem alterar as regras”, diz
o ambientalista portuense, membro da Quercus, investigador em sociologia na
universidade Nova de Lisboa e autor do livro “ O condomínio da terra – das alterações
climáticas a uma nova concepção jurídica do Planeta”. Para o autor, utopia é
pensar que podemos continuar a viver como se o Planeta fosse inesgotável, como
se a Amazónia fosse só do Brasil, como se não estivesse tudo ao contrário.
Temos de inventar valores. Uma floresta só entra no PIB de um país quando é
transformada em madeira e quando está viva vale zero. Está a ultimar-se a
proposta que vai levar à próxima conferência das Nações Unidas sobre Ambiente,
a Rio+20 – a realizar-se a Junho de 2012 acontece 20 anos depois da famosa
Cimeira da Terra, também no Rio de Janeiro. Foi nessa altura que se abordou
pela primeira vez à escala das Nações Unidas a questão das alterações
Climatéricas. Uma cimeira de Copenhaga (2009) falhada depois, a economia verde
deixou de ser uma ideia para se ir pensando e tornou-se uma urgência. A
economia verde apresenta-se como uma proposta de desenvolvimento que procura
instituir novos vetores de crescimento económico, novas fontes de
empregabilidade e soluções consistentes para a melhoria da qualidade ambiental
com base no reconhecimento de que, apesar de sua indiscutível capacidade de
geração de empregos e renda, o atual modelo de produção e consumo de bens e
serviços é insustentável. Ela engloba ideias e práticas que assumem espaço em
políticas nacionais e regionais de desenvolvimento por todo o planeta na
procura de soluções pragmáticas e funcionais para questões chave do mundo contemporâneo,
ao mesmo tempo em que questiona a maneira como os sistemas económicos provocam
impactos ambientais em escala global e de médio e longo prazo. De
caráter notadamente multissetorial e multidisciplinar, a agenda
da economia verde inclui temas inovadores, cujo processamento não
pode prescindir da ampla cooperação entre atores de diferentes
naturezas. Dos transportes sustentáveis às iniciativas de apoio
a novos setores industriais verdes e cadeias de reciclagem, do pagamento
por serviços ambientais à questão da renovabilidade da matriz
energética, passando pela busca por alternativas sustentáveis para
o setor de turismo, pela construção civil sustentável e pela estruturação
de um sistema tributário que influencie positivamente nas
preferências expressas pelo setor privado, as propostas trazidas pela
economia verde criam interessantes interfaces de cooperação interinstitucional.
O que a Quercus sugere é que se tome medidas à escala global para mudar o paradigma económico, reorientando o mundo para a economia verde, à luz de um princípio de justiça universal. No fundo, um sistema que lucra ao contribuir para o bem comum e se paga pelo prejuízo causado – o chamado “eco-saldo”. Penso que deverá dar-se a devida importância à existência de um suporte jurídico global que seja a base para esta contabilidade. Isto no sentido em que no final do processo, a terra seria gerida como um condomínio, isto é, um lugar que é de todos, com vigilância das regras a caber a uma Organização Mundial do Ambiente, não obstante contrariar a competitividade histórica da Humanidade, sendo, por isso, o grande desafio deste século a organização da interdependência ecológica.
O que a Quercus sugere é que se tome medidas à escala global para mudar o paradigma económico, reorientando o mundo para a economia verde, à luz de um princípio de justiça universal. No fundo, um sistema que lucra ao contribuir para o bem comum e se paga pelo prejuízo causado – o chamado “eco-saldo”. Penso que deverá dar-se a devida importância à existência de um suporte jurídico global que seja a base para esta contabilidade. Isto no sentido em que no final do processo, a terra seria gerida como um condomínio, isto é, um lugar que é de todos, com vigilância das regras a caber a uma Organização Mundial do Ambiente, não obstante contrariar a competitividade histórica da Humanidade, sendo, por isso, o grande desafio deste século a organização da interdependência ecológica.
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