Na recta final antes da cimeira Rio+20, o Painel
Inter-Governamental sobre Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) tem
feito um esforço de promoção do último relatório oficial sobre os riscos de
eventos extremos. Quinta-feira, o presidente do IPCC, Rajendra Pachauri, esteve
em Bruxelas para apresentar as conclusões do relatório aos decisores europeus e
contou também com os esforços assumidos pela Comissária do Clima: Connie
Hedegaard. No início do próximo ano, a Comissão Europeia vai propor uma política
comunitária de adaptação, que incluirá uma obrigação para cada Estado-Membro de
elaborar planos de gestão de riscos.
No documento, a principal conclusão é de que as
políticas de preparação e resposta a desastres extremos provocados pelas
alterações climáticas podem minimizar as consequências destes eventos. E isto
mesmo tendo em conta as diferenças regionais nos eventos extremos previstos.
No caso da Europa do Sul e Mediterrânea, os
cientistas que trabalharam no documento têm alta confiança na tendência de
ondas de calor cada vez mais severas. O relatório, cuja versão completa foi
divulgada em Março – após uma primeira versão resumida para decisores ter sido
apresentada no final do ano passado –, apresenta o resultado de um esforço
multidisciplinar de uma equipa de cientistas.
Entre os elementos da equipa estão especialistas
em aspectos físicos ligados às alterações climáticas, em impactos, adaptação e
vulnerabilidade, assim como em gestão de risco de desastres. As conclusões acabam
por marcar o Dia Internacional do Clima, que se celebra esta semana, a 14 de
Maio.
CELE faz ricochete na Europa
Ao nível dos esforços europeus,
está longe do fim a polémica gerada pela inclusão no Comércio Europeu de
Licenças de Emissão (CELE) da aviação internacional que faça escala no
território da União Europeia. A medida tem feito um autêntico ricochete na
economia europeia, atingindo construtores aeronáuticos através das represálias
das companhias de aviação.
A China, a Rússia, os Estados Unidos e a Índia
têm sido os grandes opositores dos planos europeus, argumentando que esta
inclusão no CELE trará prejuízos à indústria da aviação. Além das queixas e da
ameaça de leis de retaliação (no caso da China), vários órgãos noticiosos
internacionais dão conta de um atraso propositado na encomenda de 15 aeronaves
A330 da europeia Airbus por parte de Pequim. O negócio está orçado em três mil
milhões de dólares.
A partir deste ano, os aviões que aterrarem ou
descolarem em território da UE terão que adquirir licenças relativas às
emissões de dióxido de carbono (CO2). A decisão da Comissão Europeia poderá
representar uma poupança anual de 183 milhões de toneladas de CO2, mas a
necessidade de aquisição de licenças pode ser impactos ao nível do custo dos
bilhetes para o consumidor final.
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