domingo, 6 de maio de 2012

Japão sem energia nuclear pela primeira vez em 40 anos


O Japão vai ficar sem energia nuclear com a suspensão do funcionamento do último reator nuclear ativo no país, o número três da central de Tomari (Hokkaido, norte), para uma avaliação de segurança. Uma decisão tomada na sequência do desastre de Fukushima.
A operadora da central de Tomari, a Hokkaido Electric Power (HEPCO), iniciou os procedimentos cerca das 17:00 locais (09:00 em Lisboa) para suspender a produção de energia no reator três.
O trabalho de manutenção deverá prolongar-se por mais de 70 dias. A partir daquela hora, o Japão ficará sem as 54 unidades atómicas que tinha em funcionamento antes do desastre em Fukushima Daiichi, a 11 de março de 2011.
Desde que o maremoto de 11 de março destruiu o noroeste do Japão, provocando o pior acidente nuclear civil desde Chernobil (1986), as autoridades têm procedido à paragem progressiva, para revisão ou por questões de segurança, de todos os reatores nucleares.
Com esta crise, o Japão, que antes do acidente dependia em cerca de 30 por cento da energia nuclear, impôs novos testes de resistência aos reatores para determinar as condições de segurança em caso de uma catástrofe natural semelhante à de março.
O principal objetivo do governo é poder reiniciar os reatores nucleares que passaram nos testes, para responder às preocupações de dificuldades no abastecimento de energia, especialmente durante o intenso verão nipónico, quando a procura aumenta.
Para poder reiniciar os reatores, o governo do primeiro-ministro, Yoshihiko Noda, quer o apoio das regiões e cidades onde se encontram as centrais e que, até ao momento, se mostraram contrárias à reativação. No caso de Osaka - terceira cidade do país - as autoridades locais defendem o desmantelamento das centrais.
O futuro da energia nuclear no Japão parece incerto e Noda já afirmou que duas unidades - de momento paradas - na central de Oi (oeste) são suficientemente seguras para reiniciarem produção e ajudar a evitar quaisquer falhas energéticas nos meses mais quentes do verão.
O operador da central de Oi, Kansai Electric Power, que fornece o centro-oeste do Japão, incluindo os grandes centros de Osaka, Quioto e Kobe, alertou que o fornecimento de eletricidade pode diminuir 20 por cento com a subida de temperaturas em julho.
A Kyushu Electric Power, que cobre a área mais a oeste, e a HEPCO no norte, também afirmaram que, sem energia nuclear, não vão conseguir responder à procura de eletricidade no verão.
As empresas de eletricidade têm aumentado o recurso às centrais térmicas, através da subida das importações de crude e gás, para responder às necessidades energéticas de cidades como Tóquio, cuja zona metropolitana conta mais de 30 milhões de habitantes.
O aumento das importações afetou diretamente a balança comercial do país, que em janeiro de 2012 registou o maior défice dos últimos 33 anos.
Uma série de manifestações contra a energia nuclear está prevista no sábado, feriado do dia das crianças no país, para exigir um futuro mais seguro para as gerações mais jovens.

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