O regresso do lobo-marinho
Conservação. É a única foca portuguesa e o sucesso da sua recuperação valeu ao Parque Natural da Madeira o Prémio BES Biodiversidade. ( notícia de 5 de Maio de 2012)
O lobo-marinho é a foca mais rara do mundo e encontra-se entre as espécies mais ameaçadas de extinção, sendo a única existente em Portugal. Quando os portugueses chegaram à Madeira há mais de 500 anos, começou a entrar em declínio devido à caça e à pesca, de tal modo que no século XX a população ficou reduzida a oito indivíduos nas Ilhas Desertas.
Foi um alerta para o Parque Natural da
Madeira (PNM) que resolveu lançar um projeto de longo prazo para recuperar e
conservar a espécie. "Demos os primeiros passos em 1988, quando percebemos
que o lobo-marinho estava em declínio acelerado", conta o diretor do PNM,
Paulo Oliveira. "Apostámos na proteção do habitat e na criação da Reserva
Natural das Ilhas Desertas, com a construção de infraestruturas de apoio e um
sistema de vigilância permanente, onde mantemos três vigilantes em turnos de 15
dias, com rendições asseguradas pela Marinha Portuguesa".
Os resultados estão à vista: a população
de lobos-marinhos passou de oito para 40 indivíduos. Foi o sucesso deste
projeto - denominado "Lobo-marinho - uma espécie em recuperação na
Madeira" - que levou o PNM a ganhar a quinta edição do Prémio BES
Biodiversidade, uma iniciativa do BES em parceria com o Centro de Investigação
em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO) da Universidade do Porto e o
Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB).
Apesar do sucesso, os biólogos são
cautelosos e continuam a considerar a espécie ameaçada, porque existem apenas
300 indivíduos em todo o mundo e a população existente na Madeira é a única que
está a crescer. Há fatores que explicam o que aconteceu, e outros ainda em
análise, mas a diminuição das pressões da atividade piscatória deu certamente
uma ajuda preciosa à recuperação da foca portuguesa.
Técnicas não intrusivas
Em todo o caso, há um conjunto de técnicas
não intrusivas inovadoras utilizadas pelo PNM "que mais tarde serviram de
base às metodologias usadas por instituições de países europeus e africanos na
conservação do lobo-marinho no Mediterrâneo e no Atlântico", revela Paulo
Oliveira. São técnicas baseadas na forte proteção do habitat, no seguimento da
população à distância em postos de observação, na fotoidentificação à distância
e no reconhecimento das grutas usadas pelo lobo-marinho para se reproduzir e
descansar, de modo a definir o tipo de proteção.
Há também um fator-chave para o êxito do
projeto: o envolvimento da população da Madeira - nomeadamente das comunidades
piscatórias e das escolas - "que passou a adotar o lobo-marinho quase como
a sua mascote", constata o diretor do Parque Natural.
Além disso, as empresas de turismo
marítimo, as marinas e as praias com bandeira azul têm fichas de registo para a
identificação da espécie sempre que é avistada, que depois são enviadas para o
PNM. Os biólogos suspeitam que o lobo-marinho se esteja a expandir para a
própria ilha da Madeira, precisamente devido aos avistamentos registados nos
últimos anos.
Com os 75 mil euros do prémio, a equipa
liderada por Paulo Oliveira pretende melhorar o sistema de monitorização da
população de lobos-marinhos e aumentar a cooperação internacional, nomeadamente
com o grupo de cientistas espanhóis que está a trabalhar na Mauritânia.
É notório o princípio da prevenção que visa prevenir ou evitar lesões no ambiente, de origem natural ou humana, o
que, como refere o Prof. Vasco Pereira da Silva, “implica capacidade de
antecipação de situações potencialmente perigosas (…) de modo a permitir a
adopção dos meios mais adequados para afastar a sua verificação, ou, pelo
menos, minorar as suas consequências”. Impõe-se por isso, a tomada de medidas
que garantam a não produção de efeitos negativos no ambiente.
Este princípio pode ser entendido, de forma mais restrita, no sentido de que visa evitar perigos imediatos e concretos; como pode também ser entendido de forma mais ampla, visando evitar riscos futuros, mesmo que ainda não estejam determinados. Todavia, a doutrina tem desenvolvido este princípio na sua vertente mais restrita o que fez com que se autonomizasse o princípio da precaução, que desenvolve a vertente mais ampla do primeiro princípio.
Este princípio pode ser entendido, de forma mais restrita, no sentido de que visa evitar perigos imediatos e concretos; como pode também ser entendido de forma mais ampla, visando evitar riscos futuros, mesmo que ainda não estejam determinados. Todavia, a doutrina tem desenvolvido este princípio na sua vertente mais restrita o que fez com que se autonomizasse o princípio da precaução, que desenvolve a vertente mais ampla do primeiro princípio.
Com o princípio acabado de mencionar
está correlacionado naturalmente o princípio da procura do nível mais
adequado de ação, que implica que a execução das medidas de política ambiental
tenha em consideração o nível mais adequado de ação, seja ele de âmbito internacional,
nacional, local ou sectorial.
Estes dois últimos princípios vêm “referidos” na notícia quando se diz "Apostámos na proteção do habitat e na criação da
Reserva Natural das Ilhas Desertas, com a construção de infraestruturas de
apoio e um sistema de vigilância permanente, onde mantemos três vigilantes em
turnos de 15 dias, com rendições asseguradas pela Marinha Portuguesa", bem
como a explicitação das técnicas não intrusivas utilizadas.
Por fim, cabe-me comentar que é notável
o papel do Parque Natural da Madeira ao assumir com outras entidades e com o
povo madeirense este compromisso consciente de conservação da espécie.
Sem comentários:
Enviar um comentário