quinta-feira, 17 de maio de 2012

Planeta leva 18 meses a recuperar o que consome em 12 meses


"A Terra leva um ano e meio a recuperar os recursos que a população mundial consome em 12 meses, situação que terá de ser discutida na Conferência Rio+20, avisou, esta terça-feira, o Fundo Mundial para a Natureza.
Esta e outras pressões a que o planeta está sujeito e algumas soluções para as ultrapassar foram hoje avançadas pelo Fundo Mundial para a Natureza (World Wide Fund, conhecido pela sigla WWF), numa apresentação chamada "Planeta Vivo 2012".
No texto, a entidade afirma que entre 1970 e 2008, a biodiversidade no Mundo diminuiu 30 por cento, sendo que mais de metade se perdeu nos trópicos e em países subdesenvolvidos.
De acordo com o documento apresentado, a procura de recursos naturais duplicou desde 1996 e, atualmente, o Mundo demora um ano e meio para regenerar o que foi consumido em 12 meses. E se todos os habitantes consumissem como um norte-americano, seriam necessários quatro planetas para o sustentar.
"Vivemos como se tivéssemos outro planeta disponível e estamos a usar mais 50 por cento de recursos do que o planeta pode oferecer", avisou o diretor-geral do WWF Internacional, Jim Leape, em conferência de imprensa.
"Temos capacidade para fornecer água, comida e energia aos 9 a 10.000 milhões de pessoas que vão viver na Terra em 2050, mas só se todos - governos, empresas e cidadãos -- modificarem o seu comportamento", acrescentou.
Para este responsável, a mudança pode acontecer na cimeira da ONU conhecida como Rio+20 -- que se celebra duas décadas depois da Cimeira da Terra, a primeira grande reunião sobre a degradação do planeta e a forma de alterar essa tendência --, apesar de estar consciente que a tarefa será difícil.
"Este desafio é tão transcendental que não podemos deixá-lo ser gerido apenas por indivíduos, os governos têm que agir e o momento para o fazer é agora", referiu, defendendo que, apesar de ainda não ter sido atingido no ponto das negociações em que se deveria estar, "é preciso fazer todos os esforços necessários para o conseguir", até porque ainda falta um mês para a cimeira.
Para determinar o estado do planeta, foram usadas duas ferramentas: o índice Planeta Vivo -- que avalia a saúde dos ecossistemas da Terra - e a Pegada Ecológica -- que contabiliza a procura e utilização dos recursos por parte dos seres humanos e compara com a capacidade de recuperação do Mundo para produzir recursos renováveis e absorver as emissões de CO2.
Os 10 países com maior pegada ecológica são o Qatar, o Koweit, os Emirados Árabes Unidos, a Dinamarca, os Estados Unidos, a Bélgica, a Austrália, o Canadá, a Holanda e a Irlanda.
"Pode ficar-se surpreendido por ver países como a Dinamarca, conhecida por ser ecológica, numa posição tão alta, mas a pegada aprecia também as importações e o seu custo e este pode ser muito alto para o meio ambiente", explicou a co-editora da Rede Global da Pegada Ecológica, Gemma Cranston.
Os países ricos têm em média cinco vezes mais impacto do que os menos desenvolvidos, mas a maior descida de biodiversidade aconteceu nas nações pobres, que, de acordo com o relatório, "subsidiam o estilo de vida dos mais ricos".
Para poder reduzir o impacto do padrão de consumo na Terra, é necessário diminuir drasticamente o uso de combustíveis fósseis e substitui-los por energias renováveis, diminuir o consumo de água, produzir mais eficientemente, tentar comprar produtos que sejam fabricados ou criados de forma sustentável e acabar com os subsídios, sugere o WWF."

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