Que impacto produzem os Partidos Verdes?
Os partidos verdes têm, por todo o mundo,
intensificado a sua atuação político-partidária e consequentemente tem-se
verificado um correlativo crescimento eleitoral. O objetivo do presente
comentário é aferir os impactos que estes partidos produzem, quer sobre os
restantes partidos, quer sobre o sistema partidário em que se inserem, quer
ainda sobre a definição das principais prioridades da agenda política.
Queremos, acima de tudo dar a conhecer qual a influência que os partidos verdes
têm sobre o meio que os rodeia e quais os resultados práticos da sua atuação
partidária.
Nos outros partidos
Podemos afirmar que a
influência de um partido verde sobre o restante espectro partidário é tanto ou mais
eficaz quanto mais os partidos verdes conseguirem trazer os temas ambientais
para a ordem do dia, sensibilizando as populações para a necessidade e
premência da tutela ecológica. De facto é a ideia de ecologia que norteia a
principal atuação de um partido verde, empurrando para o seio da discussão
política, o tema da preocupação e prevenção ambiental. A crescente preocupação
com os aspetos ambientais fez com que todo o projeto, obra ou atividade que
implique intervenções na natureza tenha de ser discutido publicamente,
obrigando os partidos de maior força política e os de governo, a justificarem
as suas posições e tomadas de decisão. Este fenómeno é considerado como o “esverdear”
dos partidos políticos.
Em suma se atuação dos
verdes for bem sucedida, transformando o ambiente num tema político relevante,
os restantes partidos, por força da sempre aguerrida disputa partidária, demonstrarão
uma natural tendência para imitar esta estratégia, colocando na ordem do dia
das suas agendas políticas propostas de cariz ecológico, enfim, “esverdeando” a
sua forma de atuação e conteúdo da sua intervenção política.
A tendência, contudo, é o
desenvolvimento deste fenómeno onde a importância dos temas ambientais para os
partidos políticos será proporcional ao aumento da força eleitoral dos partidos
verdes.
Nos sistemas partidários?
A propósito das
implicações que acabamos de referir nos partidos políticos da atuação dos verdes,
outra questão é saber se o aparecimento e crescimento destes partidos não veio,
afinal de contas, contrariar a famosa ideia do “congelamento dos sistemas
partidários”, defendida por Lipset e Rokkan. O que estes dois politólogos
sustentaram, em 1967, foi que em quase todos os países desenvolvidos e politicamente
estabilizados os sistemas partidários haviam estagnado e apresentavam as mesmas
características que na década de 20, enfim, uma cristalização do panorama
partidário, onde as forças políticas estavam definidas, os existentes mantinham
o mesmo eleitorado e postura política que sempre os havia caracterizado.
No entanto e no seguimento
do que já foi dito, parece-nos óbvio que a partir das décadas de 70 e 80 se
veio a contrariar a tese do congelamento dos sistemas partidários. De facto, os
partidos verdes apareceram e marcaram desde logo a sua posição no quadro
partidário, trazendo para um mundo que lhe era estranho, um dado novo, o da
preocupação ambiental. Ao invés do congelamento verificado até ao início dos
anos 60, o sistema partidário teve que se moldar e ajustar a esta nova
realidade, assistindo-se até aos dias de hoje uma considerável evolução no
sentido de cada vez mais dar importância à problemática do ambiente.
Na definição de políticas
Quanto ao tema da
definição de políticas é necessário destrinçar as situações em que os verdes se
encontram no poder das situações, em que os verdes – estando ou não
representados no parlamento, tendo uma maior ou menor expressão eleitoral – são
partidos de oposição. Esta dicotomia será fácil de entender, uma vez que a
facilidade de adotar e imprimir a questão ambiental há-de ser completamente
diferente consoante estes partidos façam parte da coligação ambiental, ou nem
por isso.
No entanto, também é
importante reconhecer que se a presença dos partidos ecologistas no espectro
partidário pode “forçar” a adoção de determinadas políticas verdes, a verdade é
que a política ambiental não existe apenas com a presença destes partidos nos
parlamentos, ou seja, as questões ambientais não dependem da existência dos
verdes para entrarem na agenda política. Todavia, onde os verdes ganham peso é
na tomada de decisões ambientais menos populares, aquelas que os restantes
partidos não estarão muito dispostos a adotar, uma vez que podem pressionar as
formações partidárias de governo a tomarem algumas medidas impopulares, como,
por exemplo a criação de eco-taxas ou impostos ecológicos. É que estas medidas,
por regra, fazem perder votos, pelo que apenas serão implementadas se os
partidos verdes insistirem e pressionarem.
Se os partidos verdes se
encontrarem representados em coligação que governa o país, a sua influência na
definição das políticas ambientais será ainda maior. É que nesta situação, os
verdes terão necessariamente uma palavra a dizer e desempenharão um papel
crucial na implementação das principais medidas de salvaguarda ecológica.
Conclusão
Analisados os âmbitos de
influência dos partidos verdes podemos concluir que o surgimento desta nova
força política modificou a forma de fazer política e o sistema partidário em
todo o mundo. Com maior ou menor representatividade, os partidos ecologistas,
trouxeram para a agenda política e pública temas, que até então, ou eram
esquecidos ou não se lhes via reconhecido o devido valor e importância.
Consoante o modo e
eficácia da atuação dos verdes assim responderá o sistema partidário dos países
onde essa atuação se faça sentir.
Todavia, se os verdes
querem reforçar a sua preponderância na vida política de um país, terão de
ajustar a sua política verde a uma política responsável em termos económicos e
sociais. Só assim terão oportunidade de chegar onde mais ambicionam e de aí
defenderem e colocarem em prática a ideologia que lhes está subjacente.
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