domingo, 20 de maio de 2012

Que impacto produzem os Partidos Verdes?


Que impacto produzem os Partidos Verdes?

Os partidos verdes têm, por todo o mundo, intensificado a sua atuação político-partidária e consequentemente tem-se verificado um correlativo crescimento eleitoral. O objetivo do presente comentário é aferir os impactos que estes partidos produzem, quer sobre os restantes partidos, quer sobre o sistema partidário em que se inserem, quer ainda sobre a definição das principais prioridades da agenda política. Queremos, acima de tudo dar a conhecer qual a influência que os partidos verdes têm sobre o meio que os rodeia e quais os resultados práticos da sua atuação partidária.
 Nos outros partidos
Podemos afirmar que a influência de um partido verde sobre o restante espectro partidário é tanto ou mais eficaz quanto mais os partidos verdes conseguirem trazer os temas ambientais para a ordem do dia, sensibilizando as populações para a necessidade e premência da tutela ecológica. De facto é a ideia de ecologia que norteia a principal atuação de um partido verde, empurrando para o seio da discussão política, o tema da preocupação e prevenção ambiental. A crescente preocupação com os aspetos ambientais fez com que todo o projeto, obra ou atividade que implique intervenções na natureza tenha de ser discutido publicamente, obrigando os partidos de maior força política e os de governo, a justificarem as suas posições e tomadas de decisão. Este fenómeno é considerado como o “esverdear” dos partidos políticos.
Em suma se atuação dos verdes for bem sucedida, transformando o ambiente num tema político relevante, os restantes partidos, por força da sempre aguerrida disputa partidária, demonstrarão uma natural tendência para imitar esta estratégia, colocando na ordem do dia das suas agendas políticas propostas de cariz ecológico, enfim, “esverdeando” a sua forma de atuação e conteúdo da sua intervenção política.
A tendência, contudo, é o desenvolvimento deste fenómeno onde a importância dos temas ambientais para os partidos políticos será proporcional ao aumento da força eleitoral dos partidos verdes.
Nos sistemas partidários?
A propósito das implicações que acabamos de referir nos partidos políticos da atuação dos verdes, outra questão é saber se o aparecimento e crescimento destes partidos não veio, afinal de contas, contrariar a famosa ideia do “congelamento dos sistemas partidários”, defendida por Lipset e Rokkan. O que estes dois politólogos sustentaram, em 1967, foi que em quase todos os países desenvolvidos e politicamente estabilizados os sistemas partidários haviam estagnado e apresentavam as mesmas características que na década de 20, enfim, uma cristalização do panorama partidário, onde as forças políticas estavam definidas, os existentes mantinham o mesmo eleitorado e postura política que sempre os havia caracterizado.
No entanto e no seguimento do que já foi dito, parece-nos óbvio que a partir das décadas de 70 e 80 se veio a contrariar a tese do congelamento dos sistemas partidários. De facto, os partidos verdes apareceram e marcaram desde logo a sua posição no quadro partidário, trazendo para um mundo que lhe era estranho, um dado novo, o da preocupação ambiental. Ao invés do congelamento verificado até ao início dos anos 60, o sistema partidário teve que se moldar e ajustar a esta nova realidade, assistindo-se até aos dias de hoje uma considerável evolução no sentido de cada vez mais dar importância à problemática do ambiente.
Na definição de políticas
Quanto ao tema da definição de políticas é necessário destrinçar as situações em que os verdes se encontram no poder das situações, em que os verdes – estando ou não representados no parlamento, tendo uma maior ou menor expressão eleitoral – são partidos de oposição. Esta dicotomia será fácil de entender, uma vez que a facilidade de adotar e imprimir a questão ambiental há-de ser completamente diferente consoante estes partidos façam parte da coligação ambiental, ou nem por isso.
No entanto, também é importante reconhecer que se a presença dos partidos ecologistas no espectro partidário pode “forçar” a adoção de determinadas políticas verdes, a verdade é que a política ambiental não existe apenas com a presença destes partidos nos parlamentos, ou seja, as questões ambientais não dependem da existência dos verdes para entrarem na agenda política. Todavia, onde os verdes ganham peso é na tomada de decisões ambientais menos populares, aquelas que os restantes partidos não estarão muito dispostos a adotar, uma vez que podem pressionar as formações partidárias de governo a tomarem algumas medidas impopulares, como, por exemplo a criação de eco-taxas ou impostos ecológicos. É que estas medidas, por regra, fazem perder votos, pelo que apenas serão implementadas se os partidos verdes insistirem e pressionarem.
Se os partidos verdes se encontrarem representados em coligação que governa o país, a sua influência na definição das políticas ambientais será ainda maior. É que nesta situação, os verdes terão necessariamente uma palavra a dizer e desempenharão um papel crucial na implementação das principais medidas de salvaguarda ecológica.
Conclusão
Analisados os âmbitos de influência dos partidos verdes podemos concluir que o surgimento desta nova força política modificou a forma de fazer política e o sistema partidário em todo o mundo. Com maior ou menor representatividade, os partidos ecologistas, trouxeram para a agenda política e pública temas, que até então, ou eram esquecidos ou não se lhes via reconhecido o devido valor e importância.
Consoante o modo e eficácia da atuação dos verdes assim responderá o sistema partidário dos países onde essa atuação se faça sentir.
Todavia, se os verdes querem reforçar a sua preponderância na vida política de um país, terão de ajustar a sua política verde a uma política responsável em termos económicos e sociais. Só assim terão oportunidade de chegar onde mais ambicionam e de aí defenderem e colocarem em prática a ideologia que lhes está subjacente.

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