quarta-feira, 9 de maio de 2012

Taxas nos parques naturais


  No jornal Público, na sua edição de 8 de maio, este noticiava que o Governo pretendia criar uma solução para as taxas cobradas para que o património sob a alçada do Instituto Português da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) possa ser visitado. Estas taxas são cobradas com base no Despacho n.º 9589/2011, e de entre o património encontram-se parques naturais como Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, Parque Natural de Montesinho, e também Reserva Natural da Serra da Malcata, entre muitas outras regiões protegidas.
  A questão das taxas cobradas pelo ICNB para a realização de atividades em áreas protegidas foi colocada em causa por um grupo de praticantes de caminhada e montanhismo, em Abril. A antiga presidente do ICNB, Paula Sarmento, arguia que as taxas poderiam ser um meio de proteção destes espaços. Ontem os praticantes de caminhadas tiveram uma audiência com o Secretario de Estado Daniel Campelo, para que a posição do atual Governo sobre as taxas seja esclarecida.
  A notícia surpreendeu-me pois não tinha conhecimento de que tais taxas eram cobradas, por atividades em zonas protegidas.
Como é do conhecimento geral, a taxa é um tributo que é determinado por uma bilateralidade ou sinalagma, que se torna percetível na contraprestação específica que existe em favor do sujeito, compreendendo que quem beneficia de determinado bem público está obrigado ao pagamento da mesma.
O que me levantou dúvidas na nota de imprensa foram algumas das orientações que a ministra da agricultura, mar, ambiente e Ordenamento do Território, Assunção Cristas pretende adotar. Nomeadamente, a abertura de zonas outrora protegidas que não poderiam ser de todo visitadas em alguns dos parques nacionais, solicitando assim uma revisão legislativa para que se possa “abrir os parques nacionais o máximo que se puder, mas com toda a cautela”, segundo palavras da ministra.

  A meu ver tal abertura poderá no entanto ser prejudicial aos ecossistemas que se encontram protegidos por tais interdições, ainda que se fale em visitas acompanhadas por profissionais.A verdade é que se fala cada vez mais no ténue equilíbrio que existe entre a ação humana e o meio ambiente, e como a primeira pode ser prejudicial a esta última. Existem ecossistemas que parecem demasiado frágeis para que possam admitir a presença humana. Por outro lado, levanta-me algumas interrogações a questão da grande probabilidade de, a estas zonas que serão por ventura abertas ao público serem susseptiveis de aplicação de taxas. Tendo em conta que as
Taxas assentam num princípio da proporcionalidade, isto é, numa relação de proporcionalidade entre a taxa e a prestação estadual ou entre a taxa e os custos causados à comunidade. 
  A minha preocupação é de que a taxa aplicável a estas zonas, ainda que sejam superiores as aplicáveis atualmente, o que já suscita problemas com algumas associações como já foi referido anteriormente, não sejam suficientes para suportar os eventuais custos desta permissão.

  Estaremos nós a tentar angariar fundos à custa do ambiente!?  

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