domingo, 13 de maio de 2012

Viagens...


No espaço de aproximadamente um ano, a gasolina 95 registou uma subida de preço, na ordem dos 8.7% (1.554€/L a 04/03/11; 1.690€/L a 02/03/12) e o gasóleo de 7.7% (1.397€/L e 1.505€/L no mesmo período); tal subida na actual conjuntura económica refletiu-se numa diminuição significativa, no orçamento disponível das famílias. Este problema, de ordem económica e social, tem levado a população a tomar uma série de comportamentos mais ecológicos, tais como a partilha do carro, maior utilização de transportes públicos, diminuição das velocidades e até uma utilização mais racional do carro. Apesar disso o automóvel continua a ser indispensável para uma larga fatia da população. Pelos factores referidos, as prioridades na aquisição de novos veículos por parte das famílias alteraram-se; factores que antes eram tidos como prioritários, como o conforto do veículo ou o status social a ele associado, foram substituídos pelo consumo e eficiência.
A subida das vendas dos carros a diesel demonstra esta mudança, no entanto, é necessário algum cuidado nesta análise apesar da sua maior eficiência (em particular após esta se tornar uma prioridade para as empresas construtoras de veículos, criando gamas focadas na eficiência e redução do consumo como o bluemotion na VW ou o Duratorq na Ford) os veículos a diesel são por norma significativamente mais poluentes que os seus congéneres a gasolina. Verifica-se assim, que a justificação foi primariamente de índole económica, tendo por base o preço mais baixo do combustível e a vantagens em termos fiscais que um veículo a diesel oferece em comparação com um movido a gasolina. Ainda assim as motivações ambientais têm vindo a ver a sua importância aumentada; é o caso dos híbridos/eléctricos, categoria de carros que ate há bem pouco tempo era considerada pouco mais que um nicho de mercado utilizado por poucos “ecologistas”. O seu crescimento tem sido no entanto um dos maiores no mercado (atingindo já no Japão uma quota de 17% em 2011).
As construtoras de automóveis apercebendo-se deste fenómeno têm investido no desenvolvimento de tecnologias que utilizem combustíveis alternativos aos fósseis com uma autonomia maior e que permitam tornar estes veículos mais acessíveis para a maioria dos utilizadores. Acontece que um veículo híbrido/eléctrico ainda se apresenta com um preço bastante superior aos concorrentes da mesma gama, no entanto com a crescente subida do preço dos combustíveis o tempo de amortização deste investimento está a tornar-se cada vez menor.
Consideramos que o legislador deveria ter um papel mais relevante no incentivo à aquisição destes veículos, em particular em termos fiscais, não se justifica, na nossa opinião, que um veiculo a diesel tenha vantagens fiscais e um veículo híbrido ou eléctrico não as tenha. No mesmo sentido as despesas de legalização de um veículo novo também deveriam ser atenuadas por comparação, empresas que pretendam renovar a sua frota num sentido mais ecológico deveriam ser “premiadas” fiscalmente ou o seu esforço reconhecido e divulgado publicamente. Reconhecendo que a mudança no parque automóvel será gradual e demorada seria de ponderar medidas temporárias semelhantes às já adoptadas em alguns países como o Brasil, incentivando a utilização de biodiesel ou outros combustíveis fosseis menos poluentes.

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