No espaço de
aproximadamente um ano, a gasolina 95 registou uma subida de preço, na ordem
dos 8.7% (1.554€/L a 04/03/11; 1.690€/L a 02/03/12) e o gasóleo de 7.7%
(1.397€/L e 1.505€/L no mesmo período); tal subida na actual conjuntura
económica refletiu-se numa diminuição significativa, no orçamento disponível
das famílias. Este problema, de ordem económica e social, tem levado a
população a tomar uma série de comportamentos mais ecológicos, tais como a
partilha do carro, maior utilização de transportes públicos, diminuição das
velocidades e até uma utilização mais racional do carro. Apesar disso o
automóvel continua a ser indispensável para uma larga fatia da população. Pelos
factores referidos, as prioridades na aquisição de novos veículos por parte das
famílias alteraram-se; factores que antes eram tidos como prioritários, como o
conforto do veículo ou o status social a ele associado, foram substituídos pelo
consumo e eficiência.
A subida das
vendas dos carros a diesel demonstra esta mudança, no entanto, é necessário
algum cuidado nesta análise apesar da sua maior eficiência (em particular após
esta se tornar uma prioridade para as empresas construtoras de veículos,
criando gamas focadas na eficiência e redução do consumo como o bluemotion na
VW ou o Duratorq na Ford) os veículos a diesel são por norma significativamente
mais poluentes que os seus congéneres a gasolina. Verifica-se assim, que a
justificação foi primariamente de índole económica, tendo por base o preço mais
baixo do combustível e a vantagens em termos fiscais que um veículo a diesel
oferece em comparação com um movido a gasolina. Ainda assim as motivações
ambientais têm vindo a ver a sua importância aumentada; é o caso dos
híbridos/eléctricos, categoria de carros que ate há bem pouco tempo era considerada
pouco mais que um nicho de mercado utilizado por poucos “ecologistas”. O seu
crescimento tem sido no entanto um dos maiores no mercado (atingindo já no
Japão uma quota de 17% em 2011).
As
construtoras de automóveis apercebendo-se deste fenómeno têm investido no
desenvolvimento de tecnologias que utilizem combustíveis alternativos aos
fósseis com uma autonomia maior e que permitam tornar estes veículos mais
acessíveis para a maioria dos utilizadores. Acontece que um veículo
híbrido/eléctrico ainda se apresenta com um preço bastante superior aos
concorrentes da mesma gama, no entanto com a crescente subida do preço dos
combustíveis o tempo de amortização deste investimento está a tornar-se cada
vez menor.
Consideramos
que o legislador deveria ter um papel mais relevante no incentivo à aquisição
destes veículos, em particular em termos fiscais, não se justifica, na nossa
opinião, que um veiculo a diesel tenha vantagens fiscais e um veículo híbrido
ou eléctrico não as tenha. No mesmo sentido as despesas de legalização de um
veículo novo também deveriam ser atenuadas por comparação, empresas que
pretendam renovar a sua frota num sentido mais ecológico deveriam ser
“premiadas” fiscalmente ou o seu esforço reconhecido e divulgado publicamente.
Reconhecendo que a mudança no parque automóvel será gradual e demorada seria de
ponderar medidas temporárias semelhantes às já adoptadas em alguns países como o
Brasil, incentivando a utilização de biodiesel ou outros combustíveis fosseis
menos poluentes.
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