segunda-feira, 7 de maio de 2012

Welcome to the Anthropocene






“This is the story of how one species changed the planet…”

            O vídeo, promovido pela conferência Planet Under Pressure, narra os últimos 250 anos da história do nosso planeta e descreve o seu período mais recente: o Antropoceno.
            O incrível desenvolvimento de que a sociedade foi objecto, a partir da Revolução Industrial, levou a um elevado crescimento económico e populacional, o qual registou um incremento ainda maior, em 1950, com a globalização, os mercados, o turismo e os grandes investimentos. Em pouco tempo, o bem-estar de milhões de pessoas cresceu para além de qualquer expectativa. Todavia, nem tudo foi um mar de rosas. Como diz a narradora, “Saúde, riqueza, segurança e longevidade… Nunca tantos tiveram tanto. E ainda assim, um milhão está subnutrido”. Os problemas não se registaram apenas ao nível social, mas também ao nível do ambiente: “Movemos mais sedimentos e rochas anualmente do que qualquer processo natural (…); em 1 milhão de anos, nunca se viu um nível tão elevado de gases de efeito de estufa; as temperaturas estão a aumentar; criámos um buraco na camada de ozono; estamos a perder biodiversidade; (…) o nível da água do mar está a aumentar; a acidificação dos oceanos é uma verdadeira ameaça. Estamos a alterar os ciclos naturais da Terra. Entrámos no Antropoceno: uma nova época geológica dominada pela Humanidade”.
            A narrativa continua, demonstrando como a constante pressão sobre o nosso planeta vai ter efeitos nefastos. Contudo, alerta a narradora, existe esperança: “Ditámos o nosso passado, estamos a ditar o nosso presente, podemos ditar também o nosso futuro! (…) Somos a primeira geração a apercebermo-nos desta responsabilidade. Com a população a atingir os 9 milhões, temos de encontrar um espaço seguro para a Humanidade. Pelo bem das futuras gerações. Bem-vindos ao Antropoceno”.


            O objectivo deste vídeo é consciencializar a sociedade para mudanças que têm de ser feitas, em ordem a proteger aquilo que de mais precioso temos: o nosso planeta. Vimos como, ao longo do tempo, o crescimento populacional seguiu o crescimento económico e como subsiste, ainda hoje, uma pressão para explorar os recursos naturais de forma nem sempre sustentável. A palavra de ordem, nos dias de hoje, é e tem de ser “sustentabilidade”.
            Segundo o Relatório Brundtland, o desenvolvimento sustentável, princípio que enforma o Direito do Ambiente, é “o desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração actual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e económico de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais”. Esta é a melhor definição possível da responsabilidade que recai sobre os nossos ombros: de tomar consciência da escassez de recursos naturais, que implica, por um lado, a eficiência ambiental das decisões públicas, i.e., implica que os recursos naturais sejam racionalizados de modo a que as decisões públicas não os desperdicem (princípio do aproveitamento racional dos recursos disponíveis); por outro lado, pressupõe também que adoptemos uma postura preventiva, ou seja, uma postura de adopção e imposição de medidas destinadas a evitar a danosidade ambiental, medidas de minimização dos perigos associados a certas actividades, na lógica do princípio da prevenção. Um instrumento previsto no nosso ordenamento jurídico que pretende, precisamente, fazer face às exigências destes três princípios, que se complementam mutuamente, é a Avaliação de Impacto Ambiental. Este procedimento visa aferir das consequências de determinado projecto para o meio ambiente, de modo a que seja possível a tomada de decisões públicas com base num juízo de proporcionalidade entre interesses económicos e sociais e interesses ambientais, juízo esse que permitirá respeitar todos os princípios acima enunciados, principalmente o do desenvolvimento sustentável.
            Esta responsabilidade de que temos vindo a falar é uma responsabilidade para com as gerações vindouras, numa lógica de solidariedade ambiental geracional. Ela pressupõe a cooperação entre os países, diminuindo o fosso entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento, com a criação de incentivos económicos para a protecção do meio ambiente e dos recursos naturais (que, nos países em desenvolvimento, são menos escassos mas onde se faz sentir, cada vez mais, a pressão para a sua exploração).
            Todavia, a preocupação com as gerações futuras não deve passar pela prossecução de extremos. É certo que se pretende assegurar que as gerações vindouras possam satisfazer as suas próprias necessidades, porém, isso não significa que as pessoas do presente tenham de sacrificar completamente o seu “desenvolvimento social e económico de realização humana e cultural”. Aliás, não existem sequer decisões a risco zero para o meio ambiente, não é praticável uma completa eliminação da danosidade ambiental. Pelo que aquilo a que podemos aspirar é minimizá-la o mais possível, protegendo assim as gerações futuras, não descurando, contudo, das necessidades do presente.


Sem comentários:

Enviar um comentário